Literatura surda: a construção poética sinalizada de Yanna Porcino
Literatura surda, Língua Brasileira de Sinais, poemas, construção estética, Yanna Porcino.
A comunidade surda tem manifestado sua cultura e sua língua por meio de produções literárias de maneira poética. Desta forma, as produções de autoras negras interseccionam aspectos relacionados a raça e gênero, campos que afetam a vivência das mulheres. A presente dissertação buscou explorar como o texto poético em uma língua de modalidade visual-espacial traz a visualidade de uma estética construída na plasticidade de uma língua sinalizada, tendo o corpo do autor como suporte para a tessitura e quais aspectos esses textos abarcam. O problema de pesquisa que acompanhou o desenvolvimento da investigação foi: quais elementos estéticos compõem a poética sinalizada? O que dizem esses poemas e de que modo? A partir desses questionamentos, o objetivo é perceber os aspectos presentes nos poemas sinalizados de autoria de Yanna Porcino. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa consistiu em uma análise descritiva, considerando os elementos estéticos descritos por Sutton-Spence (2021), a temática e os aspectos performáticos nos poemas sinalizados. Foram analisados três poemas de Yanna Porcino: "Quem cuida" (Porcino, 2020), "Ingenuidade" (Porcino, 2021) e "Eu sou diferente" (Porcino, 2021). As reflexões se dão em diálogo com as teorias de Stuart Hall (2003, 2006) que nos permitem compreender alguns aspectos sobre a cultura; Carlos Skliar (2005), que aborda a surdez sob uma perspectiva cultural e sociológica. Também nos orientamos pelas pesquisas de alguns teóricos sobre os estudos linguísticos da Língua de Sinais, como os de Lucinda Ferreira Brito (2010), e Ronice Quadros e Lodenir Karnopp (2007). Ademais, consideramos em nossas análises os estudos surdos marcados pelas posições de Strobel (2008) sobre a cultura surda e as pesquisas em torno da literatura surda apresentadas por Lodenir Karnopp (2006, 2008, 2010), Marta Morgado (2011), Cláudio Mourão (2011, 2016) e Sutton-Spence (2005, 2006, 2021). Como resultado, concluimos que os poemas analisados têm mobilizado os aspectos performáticos e estéticos da poética visual em Língua Brasileira de Sinais, operando nos territórios literários da coletividade, escrevendo vivências e denunciando opressões.