DA “LITERATURA DE URGÊNCIA” ÀS NARRATIVAS
INDETECTÁVEIS:
PERCURSOS DA PRODUÇÃO LITERÁRIA SOBRE HIV/AIDS NO BRASIL
HIV/aids. Literatura brasileira. Narrativas. Representação literária. Representação social.
Este trabalho busca investigar e analisar a presença da temática do HIV e da aids em narrativas brasileiras. Através de uma pesquisa bibliográfica, tem-se procurado verificar de que forma os acontecimentos de fora do universo narrativo têm influenciado na criação de imagens sobre o vírus e a doença nas produções nacionais desde a emergência da epidemia no final do último século. Assim, observa-se a forma como os grupos minorizados têm sido representados nas obras que abordam a temática, sobretudo, pela maneira como as personagens femininas, pessoas negras, homossexuais, entre outros sujeitos, aparecem nos textos pertencentes ao recorte escolhido. O corpus deste trabalho é formado por narrativas de diversos autores e autoras que, de alguma forma, tenham abordado o tema aqui estudado, em textos publicados como livro e que apresentem circulação entre o público leitor. Como referencial teórico para auxiliar nas análises feitas, buscou-se utilizar ideias presentes em uma gama diversa de pensadores e pensadoras que discutissem sobre as questões levantadas durante o processo de investigação. Entre o material utilizado como suporte teórico, destacam-se produções de Susan Sontag (1989), com sua abordagem acerca das metáforas geradas nos e pelos discursos sobre a epidemia; Sejo Carrascosa (2022) e o debate sobre masculinidade hegemônica e a desvalorização dos corpos fora dessa lógica; Eduardo Jardim (2019), com seu panorama da epidemia; Italo Moriconi (2014; 2020) e sua rica discussão sobre a literatura com a temática do HIV/aids; Larissa Pelúcio e Richard Miskolci (2009), a partir do debate a respeito da repatologização das sexualidades dissidentes; Gayatri Chakravorty Spivak (2010) e Regina Dalcastagnè (2012), com suas reflexões sobre a produção discursiva e literárias dos grupos minoritários e o seu valor dentro da cultura; Stuart Hall (2016) e a noção de representação; Cristian Alberti (2020), com sua discussão sobre o que ele chamou de “discursividade vírico-hegemônica”; entre tantos outros.