MORRISON, TRAORÉ E NÓS: traduções negras feministas
Tradução Negra; interseccionalidade; Toni Morrison; Rokia Traoré
O objetivo dessa dissertação é realizar a análise e tradução do inglês para o português brasileiro das cenas cinco, oito e nove da peça Desdemona, escrita por Toni Morrison com letras de músicas por Rokia Traoré. Em Desdemona, personagens de Otelo, o mouro de Veneza se reencontram em um espaço pós vida e conversam sobre suas infâncias, suas relações familiares e sobre histórias ocultas na peça shakespeariana. Em parceria com Traoré, Morrison apresenta uma tradução negra feminista do texto dramático, já reconhecido como cânone, a partir de um caráter revisionista e com escolhas éticas e estéticas que evidenciam traços afrodiaspóricos, criando, assim, outras histórias para as personagens. Na primeira seção, discutimos sobre esses traços, como, por exemplo, a escrita em parceria, a criação de um espaço-tempo que se distância da concepção ocidental sobre tempo e o ressoar das vozes femininas antes silenciadas. São as cenas de encontros entre as personagens femininas que são traduzidas na seção dois com comentários sobre as escolhas estéticas das escritoras e como elas são refletidas nas nossas escolhas tradutórias. Na seção três, apresentamos uma análise mais profunda dos diálogos das personagens femininas e as tensões nas suas relações utilizando a interseccionalidade como uma ferramenta analítica. Nossa análise e tradução é feita a partir de premissas teóricas de pesquisadores da afrodiáspora como Leda Maria Martins, Lélia Gonzalez, Conceição Evaristo, e de tradutores do Atlântico Negro como Denise Carrascosa, Geri Augusto e Tiganá Santana.