MEMÓRIAS SOMÂNTICAS DE ABDULAI SILA: LITERATURA, TRADIÇÃO ORAL E IDENTIDADE
EM GUINÉ-BISSAU
Literatura Bissau-guineense; Memórias SOMânticas; Abdulai Sila; História
e ficção; Oralidade
Esta tese promove uma análise das relações entre literatura, memória e tradição oral Bissau-
guineense na obra literária Memórias SOMânticas (2016) do escritor Abdulai Sila, sob a
perspectiva do diálogo entre as três vertentes, tendo em vista o passado colonial e os
consequentes processos de subalternização/resistência das culturas locais. Neste sentido, este
trabalho objetiva mostrar e discutir a Literatura Bissau-guineense a partir da obra Memórias
SOMânticas, compreendendo-a como uma atividade de conhecimento do estudo da arte, tendo
em conta a sua relevância para os estudos literários, culturais e, sobretudo, para o
entendimento da identidade nacional na Guiné-Bissau e no contexto pós-colonial. Para isso,
tratou-se de compreender as relações entre literatura e identidade no campo da teoria pós-
colonial, bem como as relações entre história literária e a cultura do país em estudo, como
também a problematização das relações entre história e ficção no âmbito da literatura Bissau-
guineense e a importância das marcas de oralidade nessa escrita. Também se efetivou uma
abordagem sobre o conceito de bantabá na tradição guineense, destacando-se a relevância do
gênero tanto para as letras quanto para a identidade nacional do país. O método escolhido para
o desenvolvimento da pesquisa foi analítico-descritivo e de cunho bibliográfico,
considerando-se Memórias SOMânticas (2016) como objeto do estudo. Para tanto, o trabalho
apresenta, como base de sustentação, a Teoria e Crítica Pós-Colonial a partir de Freitas (2016)
e Queiroz (2011), sobre a questão da literatura e identidade; Evaristo (2016) e Chiziane
(2013), sobre a literatura, memória e escrevivência; Hall (2003/2006), na revisão da teoria e
crítica pós-coloniais; Mata (2014) e Hamilton (1999), sobre as considerações acerca da
literatura dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa- PALOP, além das estudiosas do
sistema literário Bissau-guineense, como Augel (2007) e Semedo (2020/2011). Como
resultado, viu-se que o romance apresenta, de diferentes modos, entrecruzamentos entre a
história e a ficção, denunciando os problemas sociais e políticos enfrentados pelos guineenses
em vários momentos de sua história e de seu presente. Nessas denúncias, afirmam-se sentidos
de resistência cultural e afirmação identitária.