MULHERES NEGRAS TENSIONAM AS FRONTEIRAS MODERNAS DA NAÇÃO: Uma cartografia poética do Atlântico Negro entre Brasil e Uruguai
Palavras-chave: Atlântico Negro. Amefricanidade. Escrevivência. Enunciações poéticas
de mulheres negras. Memória. Nação
Esta dissertação tem por objetivo examinar as enunciações poéticas de mulheres negras
constantes nas obras um corpo negro, de Lubi Prates, e na antologia Tinta: poetas
afrodescendientes enquanto elaboração subjetiva do corpo afrodiaspórico como território
enunciativo que ergue uma cartografia de presenças no Atlântico Negro. Para tanto,
realizo esse estudo a partir de três categorias de análise, que servem de tópos para a
sedimentação desse território rizomático, quais sejam, 1) Travessia afro-atlântica e sua
extensão pelo território latino-americano, com especial atenção para Brasil e Uruguai, de
onde se enunciam, respectivamente, as obras antes mencionadas; 2) Amefricanidade,
categoria político-cultural cunhada por Lélia Gonzáles (2020), verificável nesse corpus
poético feminino enquanto produção subjetiva do corpo que se configura como identidade
rizoma nos termos de É. Glissant (2005); 3) Escrevivência, como operador teórico de
agência coletiva de vozes (SOUZA, 2018) e locus criativo de imaginação de presenças
forjada desde a enunciação literária de mulheres negras, segundo Conceição Evaristo
(2017a). Desta forma, contempla-se em tais poéticas negras femininas um corpo
enunciativo que provoca tensões e fissuras às fronteiras modernas das nações a partir da
irrupção enunciativa que põe em cheque a raiz única de matriz colonial como estruturante
destes territórios nacionais, recuperando memória, história e ancestralidade desde as
presenças contemporâneas recompostas pelo corpo-letra (EVARISTO, 2017b) inscrito
desde prefácios amefricanos ao Atlântico Negro.