Sampleando Micropolíticas da Pirraça em Baco Exu do Blues
Baco Exu do Blues, Micropolíticas da pirraça, Rap, Oralidade.
Esta dissertação apresenta discussões e reflexões para o alargamento das concepções acerca dos campos histórico-culturais e literários negros brasileiros, na busca por diálogos permeados pela importância da oralidade cantada para a construção identitária da literatura afro-brasileira na contemporaneidade através da musicalidade ambientada pela produção rap-literária, em especial na potência de uma pirraça em movimentação nas canções do cantor baiano Baco Exu do Blues. A partir de seus álbuns Esú lançado em 2017, Bluesman de 2018, e as produções audiovisuais correlatas aos discos, foram identificadas em suas articulações artísticas propostas de manutenção identitárias que propunham ações cotidianas, levantadas por micropolíticas da pirraça. Desse modo, através de sua obra o cantor opera criticamente nas relações entre subalternidade e insurreição flagradas pelas artes musical e audiovisual descortinando vivências autônomas às hegemonias de poder, que se colocam para além de produções orais afro- diaspóricas, dando-se pela interruptibilidade interseccional das produções multimodais rap-literárias, na busca do reposicionamento do corpo negro como produtor de discursos apagados pelos princípios validados à escrita como fonte cientifica, em vista reestrutural das ordens organizacionais de mundo, contrapondo aos processos necropolíticos as ações esquivas de criação e a atualização da diáspora negra, delegando às movimentações artísticas uma expansão dos mecanismos históricos de continuidade cultural e escrita literária negra no Brasil. Desta maneira, este estudo percorrerá debates identitários acerca das experiências e escritas de si vigentes ao âmbito periférico, propondo a ampliação para com o olhar, como ressalta bell hooks (2019). Com isto, para elucidar as micropolíticas da pirraça, serão levantados teóricos como Deleuze e Guatarri (1974), Butler (2019), Martins (2003), Silva (2020).