PPGLITCULT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E CULTURA (PPGLITCULT) INSTITUTO DE LETRAS Telefone/Ramal: Não informado

Banca de QUALIFICAÇÃO: LÍVIA MARIA COSTA SOUSA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : LÍVIA MARIA COSTA SOUSA
DATA : 25/11/2022
HORA: 09:00
LOCAL: ESPAÇO VIRTUAL
TÍTULO:

Mulheres negras em devir: uma análise das obras Nicketche – uma história de poligamia de Paulina Chiziane e Kindred – laços de sangue de Octávia Butler


PALAVRAS-CHAVES:

Escrita de mulher negra; devir-mulher; África; diáspora negra; Paulina Chiziane; Octávia Butler.



PÁGINAS: 130
RESUMO:

A presente pesquisa tem como objetivo analisar as narrativas Nicketche – uma história de poligamia (2002), de Paulina Chiziane e Kindred – laços de sangue (2017) de Octávia Butler tomando, como eixo de análise, a ideia de que, em suas escritas, estas autoras propõem interpretações sobre o devir-mulher a partir de um olhar da África, notadamente Moçambique, e da diáspora norte-americana. A noção de devir aqui explorada é tomada de empréstimo do pensamento de Deleuze (1974), no sentido de promover as multiplicidades, as linhas de fuga do lugar da opressão, em direção a novos caminhos que acionam agenciamentos negros artísticos, culturais e educacionais, desconstruindo, assim, essas representações impositivas e os seus desdobramentos na indústria cultural. Compreendo que, nos textos aqui estudados (BUTLER, 2017; CHIZIANE, 2002), as autoras forjam seus personagens, o andamento e a tematização do enredo, as cenas, temporalidades e os espaços narrativos de tal modo que findam por denunciar a limitação colonial e platônica da representação (DELEUZE, 1974) e, mais que isso, exploram campos de construção literária que impõem a necessidade de estratégias críticas e teóricas afrocentradas. Seus textos escolhem, no que tange à política e à estética acionadas, discursos articulados com a ancestralidade (MARTINS, 2021; SODRÉ, 2017; OLIVEIRA, 2021; RIBEIRO, 2020), com o protagonismo e a resistência de mulheres negras por meio da escrita, com a escrevivência como política de representação (EVARISTO, 2007, 2020), a fabulação (HARTMAN, 2020) como estratégia narrativa e desnorteiam os paradigmas coloniais de verossimilhança, exigindo leituras teóricas dissidentes, além de apontar a perspectiva da escrita de mulheres negras como ato de resistência, de autorrecuperação (hooks, 2019), de “erguer a voz” (hooks, 2019), de autodefinir-se (LORDE, 2009; COLLINS, 2019) e autonomear-se (MARTINS, 1996). Nesse sentido, isso é o que podemos chamar da construção de uma dicção própria (SOUZA, 2018), conforme o analisado nas narrativas selecionadas (BUTLER, 2017; CHIZIANE, 2002), para um exercício de desrecalque de sentidos, lugares de fala e interpretações de si e de mundo comumente invisibilizados e estigmatizados pelo pensamento colonial, cuja base se finca no supremacismo racial e misoginia. Ademais, interessa-me estabelecer conexões críticas que apontem como estas escritoras criam estratégias para construir uma escrita comprometida com a vida e uma vida comprometida com a escrita (EVARISTO, 2007) e “modos criativos e discursivos de mobilização de existências” (SANTIAGO, 2018). Através de um pensamento que busca entender a escrevivência e as textualidades diversas como devires, ou seja, suplementos rizomáticos de escrita criativa, trago, para a cena de diálogo desta tese, textos, entrevistas e conferências dispersos que trazem as vozes das autoras para além dos seus romances aqui escolhidos como corpus deste estudo.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 3365799 - LIVIA MARIA NATALIA DE SOUZA SANTOS
Interna - 2326650 - DENISE CARRASCOSA FRANCA
Externa à Instituição - ANA RITA SANTIAGO DA SILVA - UFRB
Notícia cadastrada em: 01/11/2022 18:51
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