ENTRE OS RITMOS DAS MEMÓRIAS, OS DIZERES RIMAM COM MULHERES: O VERSEJAR (AUTO)BIOGRÁFICO EM CORDÉIS CONTEMPORÂNEOS
Literatura de cordel. Autoria feminina. Memórias. (Auto)biografias.
Esta tese reflete sobre os traçados da literatura de cordel brasileira buscando compreender as lacunas impostas pela tradição masculina através de mecanismos de repetição e de continuidade de paradigmas, ao abordar sobre os silenciamentos das vozes femininas ao longo da historiografia oficial e suas repercussões na contemporaneidade, enfatizando a produção de memórias femininas na dicção do versejar (auto)biográfico de cordelistas contemporâneas. O objetivo, de uma forma geral, é estabelecer uma análise de cordéis de autoria feminina contemporâneos para compreender como as cordelistas se (auto)representam e (auto)biografam a relação da mulher com o fazer literário. Para tanto, a pesquisa percorre as marcas da memória em cordéis de Jarid Arraes e da Obra Coletiva 82 anos de publicações femininas na literatura de cordel, organizada por Graciele Castro, que apresenta as trajetórias de 21 cordelistas contemporâneas. Como aporte teórico-metodológico, esta tese adota uma abordagem qualitativa a partir de uma pesquisa bibliográfica e de cunho exploratório pautados em estudos a respeito da literatura popular, a partir de perspectivas da autoria feminina e seus entrelaçamentos com a memória, refletindo sobre conceitos como biografia, autobiografia e reescrita de si. Tais noções serão revisitadas a fim de repensar o cordel enquanto gênero literário e como documento cultural a partir da compreensão dos modos como as mulheres cordelistas reconstroem as suas relações com a arte da voz e da palavra escrita de modo a empreender novas perspectivas para a historiografia, alargando as noções vigentes no campo literário e visibilizando subjetividades plurais. Conclui-se, portanto, que a análise nas marcas a partir de suas poéticas, possibilita reencontrar as lacunas da historiografia oficial a partir das rotas do versejar feminino que apresenta uma reescrita de si ao tempo que reconstrói uma nova história literária, inscrevendo seu pensar sobre o cordel, remoldando suas vidas e vislumbrando novos caminhos literários. Suas vozes performam novos sentidos e deslocam as memórias literárias a partir dos registros de suas escrituras.