A síncope nas proparoxítonas no português popular do estado da Bahia: análise sociolinguística
Fonologia. Síncope nas proparoxítonas. Sociolinguística Variacionista.
Este trabalho intitulado A síncope nas proparoxítonas no português popular do estado da Bahia: análise sociolinguística tem como pretensão analisar um processo fonético-fonológico que acontece em palavras proparoxítonas, a síncope. Esse fenômeno é um processo que envolve uma mudança na estrutura silábica, em que um ou mais fonemas são apagados em sílaba postônica, o que transforma palavras proparoxítonas em paroxítonas, como xícara > xicra, útero > utro, óculos > oclus, abóbora>abobra, entre outros. Esse objeto de estudo é observado na fala popular, rural e espontânea, como pode ser visto nos trabalhos de Amaral (1999), Chaves (2011) e outros, destacando a influência de alguns fatores sociais na aplicação do processo como a escolaridade, classe social, faixa etária. O corpus usado neste trabalho faz parte do Projeto Vertentes do Português no Estado da Bahia, coordenado pelos professores Dante Lucchesi (UFF) e Gredson dos Santos (UFBA). As comunidades analisadas são: i) afro-brasileiras, composta por Cinzento, Helvécia, Rio de Contas e Sapé; ii) localidades do interior da Bahia – Poções (zona rural e sede) e Santo Antônio de Jesus (zona rural e sede); e iii) bairros da capital Salvador, Cajazeiras, Itapuã, Liberdade e Plataforma. Foram 12 entrevistas de cada comunidade, totalizando 144 inquéritos ouvidos minuciosamente. Nesse processo, 3.786 dados foram encontrados e passaram pela análise estatística do software R, evidenciando 15,2% de aplicação da síncope nas proparoxítonas e 84,8% de não aplicação. As variáveis analisadas no processo foram: a) linguísticas: contextos precedente e seguinte à vogal postônica, traço da vogal postônica, estrutura da sílaba tônica, classe gramatical, extensão da palavra, item lexical; b) sociais: comunidade, sexo, escolaridade faixa etária e estada fora da comunidade. O grupo informante/participante também foi analisado. Diante disso, vale ressaltar que a pesquisa seguiu os pressupostos da Sociolinguística Variacionista, proposta por Labov (1966), e a Teoria da Fonologia Métrica, com a análise métrica do acento, seguindo a proposta de Hayes (1995), e a Teoria Métrica da Sílaba, com ênfase na proposta de Selkirk (1982).