LINGUAGEM E DIVERSIDADE SEXUAL: Narrativas Intersexo
Linguística Queer; Linguística Aplicada; Análise de Discurso Crítica; Diversidade Sexual; Narrativas Intersexo; Queerização.
A partir dos relatos de adultos intersexo, submetidos à cirurgia não consensual que os definiu como pessoas binárias, buscamos articular uma análise linguístico-discursiva de dados sobre corpo, gênero e sexualidade. Analisamos narrativas que nos permitem observar práticas que banalizam o direito à autonomia na esfera privada e no espaço público e o direito a decidir sobre o próprio corpo. Para tanto, esta pesquisa discursiva-qualitativa se vincula teórica e metodologicamente à Linguística Aplicada, à Linguística Queer e à Análise de Discurso Crítica em diálogo interdisciplinar com os estudos feministas, culturais e decoloniais para tratar da diversidade como direito personalíssimo nos diversos eixos da diferença entre os quais a classe, o gênero, a etnia e o sexo. O corpus (24 narrativas de adultos intersexo) está disponível em plataformas que promovem a inserção social das pessoas intersexo. A Brújula intersexual do México e outros espaços virtuais são criados e administrados pelos próprios intersexuais para partilhar experiências de vida e reflexões sobre diversidade sexual em um contexto ainda resistente à diversidade sexual. Os resultados apontam para um maior investimento na educação/estudo sobre as variações intersexuais, diagnósticos e cuidados médicos, assim como a suspensão das cirurgias em recém-nascidos até atingirem a maioridade e decidirem sobre o próprio corpo. A tese consta de quatro capítulos, organizados da seguinte forma: O capítulo I discute a interseccionalidade e transversalidade dos atravessamentos, paradigmas e desajustes das subjetivações/imposições identitárias e das nomeações vinculantes que geram fronteiras e/ou pontes no resguardo das diferenças e nas pichações dos muros erigidos pela heteronormatividade. O capítulo II foca reducionismos de gênero e desejo como a masculinidade, o instinto materno e o estupro para falar de revolta, performances e performatividades das mulheres na ocupação do espaço público. O capítulo III trata da supremacia cisheterossexual, mostra suas gretas e instabilidade, exaltando o poder transformador das variações intersexo. O capítulo IV questiona a hegemonia linguística discursiva na produção/apropriação do conhecimento e propõe a queerização do self e da linguagem com narrativas não binárias. Após as referências há um apêndice, no qual disponibilizamos alguns quadros descritivos e um glossário com termos técnicos específicos.