Elementos para uma história da dialetologia e da geografia linguística no Brasil: efeitos científicos do decreto 30.643, de 20 março de 1952, como política de defesa da língua portuguesa.
Dialetologia brasileira. Geografia linguística. Decreto 30.643, de março de 1952. História das Ciências. Historiografia Linguística
Pretende-se, nesta tese, investigar as bases da constituição e da institucionalização da dialetologia e da geografia linguística no Brasil, a partir do decreto 30.643, de março de 1952, referente ao estabelecimento de uma Comissão de Filologia e ao desenvolvimento de estudos para a construção de um atlas linguístico no contexto da Casa de Rui Barbosa, executando um mapeamento de conhecimentos e práticas. Desse modo, busca-se identificar e discutir efeitos científicos do referido ordenamento sobre a pesquisa linguística em termos científicos e políticos; descrever e interpretar circunstâncias que favoreceram a um programa de investigação e levantamento de dados ganhar a atenção estatal; e caracterizar a comunidade científica que se voltou ao estudo dialetológico, considerando continuidades e descontinuidades na formação e efetivação de uma agenda de pesquisa. Sob esse viés, assumem-se os pressupostos teórico-metodológicos da história das ciências e da historiografia linguística. A periodização adotada compreende o período de 1952 a 1986, parte do que se reconhece tradicionalmente como a terceira fase dos estudos dialetais, tomando como corpus registros de atividades concernentes à Casa de Rui Barbosa no plano da dialetologia, assim como textos jornalísticos, decretos, publicações em revistas científicas e manuais. Como resultados, foram identificadas oito atividades, das quais quatro são narradas historiograficamente como reverberações científicas do decreto: o curso de dialetologia e a exposição de geografia linguística organizadas por Sever Pop em 1954; a conferência e a publicação sobre o laboratório de fonética na Bahia (1958, 1961) de Nelson Rossi.