A representação de pessoas pretas e pessoas brancas no discurso jornalístico soteropolitano: uma perspectiva crítica
Estudos críticos do discursos; identidade discursiva; negritude; branquitude.
Este estudo crítico do discurso considera o texto uma “produção social historicamente situada que diz muito a respeito de nossas crenças, práticas, ideologias, atividades, relações interpessoais e identidades.” (RESENDE; RAMALHO, 2006, p. 10). Então, observamos que, pelas práticas linguísticas serem perpassadas por relações de poder, por ideologias e pelos sentidos construídos pelos produtores e receptores do discurso, que elas poderiam interagir e sustentar ideologias historicamente segregadoras e que fomentam desigualdades. Para verificarmos essas possibilidades, nos propomos a realizar estudos críticos do discurso da construção da identidade de atores sociais nas notícias sobre crimes de 3 grandes portais eletrônicos de Salvador, a saber, A Tarde, Bahia Notícias e Correio 24horas, que são algumas dos meios de informação mais acessados e comprados, em sua versão impressa, pelos soteropolitanos. Então, discutiremos como, no discurso, as origens culturais, estruturais, históricas de uma determinada comunidade linguística podem acomodar a prática do racismo, sabendo que podem haver marcas de dominação e de abuso de poder nas construções socionarrativas dos vocábulos e nas escolhas designativas para se representar os atores sociais de etnia branca e etnia preta, porque, a língua e a linguagem, são um conjunto de experiências fenomenológicas, sociológicas, lingüísticas e histórico-literárias. Em resumo, neste trabalho apresentamos os resultados da investigação de mestrado, que mostrarão uma síntese do nosso ponto de vista sobre as relações raciais, algumas questões históricas, ideológicas e discursivas que tencionam-se sobre estas prerrogativas, mostrando um breve recorte histórico de alguns eventos que consideramos imprescindíveis para compreendermos algumas orientações tomadas, especialmente, pela branquitude, no momento de se identificar e de identificar o outro e, ademais, trataremos sobre os conceitos da linguística e dos Estudos Críticos do Discurso que serão utilizados para embasar as análises construídas nesta dissertação, para que compreendamos as possibilidades da linguagem do discurso jornalístico contribuir para materializar e para significar uma rede socioconceitual ao designar os sujeitos pretos e os sujeitos brancos, por meio de expressões que denotem uma dualidade entre o bom e o mau, fomentando, assim, a criação de representações sociais diatópicas.