Banca de DEFESA: MARILDO DE OLIVEIRA LOPES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARILDO DE OLIVEIRA LOPES
DATA : 13/07/2023
HORA: 14:00
LOCAL: meet.google.com/ahg-hxpg-hqr
TÍTULO:

Entre a palavra, a cruz e a espada:  homotransfobia discursiva parlamentar em uma audiência pública na câmara dos deputados

PALAVRAS-CHAVES:

Homotransfobia discursiva parlamentar; ativismo político religioso; Estudos Críticos do Discurso; microestrutura discursiva; macroestrutura discursiva.

PÁGINAS: 388
RESUMO:

As dissidências sexuais e de gênero, que sempre fizeram parte da vida concreta, são manifestações da vida tão legítimas quanto a cisheterossexualidade. Não obstante, a comunidade LGBTQIA+, desde longa data, tem sido violentada simbólica e fisicamente, em função de cosmovisões sociohistóricas que construíram a abominação, a patologização e a exclusão de seres humanos que subverteram o cisheterossexismo, sistema que criou a hierarquia cisheterossexista, âncora da homotransfobia, hostilidade (re)produzida, especialmente no/pelo discurso – que é concebido, neste estudo, como prática social, uso da linguagem para construir sentidos e ação concreta no mundo (VAN DIJK, 2018). Nessa perspectiva, tenho como objetivo geral deste estudo: investigar a tessitura de homotransfobia discursiva parlamentar na Audiência Pública Estatuto da Família de 25 de junho de 2015. E como objetivos específicos: (1) Apontar e discutir sobre os temas discursivos, relacionados à homotransfobia discursiva parlamentar, abordados na audiência pública investigada; (2) Analisar as estratégias discursivas (re)produtoras de homotransfobia na reunião parlamentar estudada; (3) Identificar as macroproposições (significados globais) homotransfóbicas tecidas na audiência pública em tela; (4) Especificar os macroatos de discurso (atos globais) homotransfóbicos concretamente realizados no evento discursivo em análise; (5) Categorizar outros tipos de homotransfobia cometidos na audiência em tela, estabelecendo suas ressonâncias dialógicas com a homotransfobia discursiva parlamentar; e (6) Compreender as relações dialógicas dos discursos homotransfóbicos analisados, percebendo, especialmente, as ideologias subjacentes, sociocognitivamente compartilhadas pelos deputados reacionários enunciadores no evento discursivo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de análise interpretativista, ancorada, principalmente, na abordagem sociocognitiva dos Estudos Críticos do Discurso (ECD), desenvolvida por Teun van Dijk.  Os dados revelam que a audiência pública analisada aborda sete principais temas discursivos: (i) Abjeção às dissidências sexuais e de gênero, (ii) conceitos de homotransfobia, liberdade de expressão e Estado laico; (iii) Famílias homoafetivas; ((iv) movimentos LGBTQIA+; (v) ideologia de gênero; (vi) ativismo judicial favorável às pautas políticas LGBTQIA+; e (vii) cura gay. A partir desses temas, a homotransfobia discursiva parlamentar é tecida, primeiramente, no nível discursivo local (nível micro da materialidade linguística) por meio inúmeras estratégias discursivas, estrategicamente mobilizadas, que hostilizam as minorias sexuais e de gênero, suas lutas e seus direitos. No nível discursivo global (nível macro), os participantes reacionários do evento estudado: (i) (re)produzem macroproposições preconceituosas e discriminatórias, (ii) realizam macroatos de discurso hostis, e (iii) cometem alguns subtipos de homotransfobia discursiva parlamentar como a sociocognitiva, geral, específica, religiosa, pastoral, cordial. Os participantes reacionários da audiência pública estudada atacam discursivamente as dissidências sexuais e de gênero, o movimento LGBTQIA+, as famílias homoafetivas, o ativismo judicial que favorece os direitos LGBTQIA+, violentam os conceitos de homotransfobia, Estado laico e liberdade de expressão, (re)produzem a falácia da ideologia de gênero nas escolas brasileiras e apelam para a nefasta cura gay. Constato que os níveis discursivos micro e o macro constroem uma superestrutura discursiva, que se insere em um macromovimento discursivo parlamentar que integra o ativismo político-religioso, sobretudo da Frente Parlamentar Evangélica e seus aliados, de combate às pautas políticas LGBTQIA+. A homotransfobia discursiva parlamentar ocorrida no evento estudado mantém intrínsecas relações dialógicas com ideologias religiosas fundamentalistas de matriz judaico-cristãs, incoerentes com a laicidade do Estado brasileiro. Os discursos homotransfóbicos são ações que desrespeitam os direitos humanos, incitam violência, configurando (re)produção discursiva do abuso de poder. São ilegítimos e devem ser combatidos para que a mudança social possa acontecer.

MEMBROS DA BANCA:
Interna - 1372213 - LIVIA MARCIA TIBA RADIS BAPTISTA
Interna - 2142558 - DANIELE DE OLIVEIRA
Interna - 3062795 - ADRIANA SANTOS BATISTA
Externa à Instituição - MÁRCIA HELENA DE MELO PEREIRA - UESB
Externo à Instituição - EVERALDO DOS SANTOS MENDES - UFS