“TROUXESTE A CHAVE?”
LETRAMENTO LITERÁRIO NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE DA BNCC E DE LIVROS DIDÁTICOS DO PNLD 2018
Ensino de literatura; Ensino Médio; BNCC; Livro didático de Língua Portuguesa; Letramento Literário
Este trabalho tem por objetivo discutir a presença da literatura no ensino médio assumindo o letramento literário (PAULINO; COSSON, 2009; COSSON 2014a, 2014b, 2020) como paradigma de ensino capaz de promover a formação de leitores críticos e criativos, além de promover, como desdobramento da fruição literária, a humanização dos sujeitos (MORIN, 2003; CÂNDIDO, 2011, 2012; COSSON, 2014, 2014b, 2020; GALLIAN, 2017). Essa perspectiva teórica se contrapõe a paradigmas tradicionais de ensino de literatura que priorizam aspectos periféricos ao texto, ao invés da leitura do texto em si, prática essa que descaracteriza a literatura e põe em perigo a sua existência (BARTHES, 1979; LEITE, 1983; BORDINI; AGUIAR, 1993; COLOMER, 2007; CHAMPAGNON, 2009; TODOROV, 2009; ZILBERMAN, 2009; LAJOLO, 2009; COSSON, 2014a 2014b, 2020; DALVI et al, 2017). Trata-se de pesquisa documental e bibliográfica, de cunho interpretativista que tem como corpus a BNCC de Linguagens do Ensino Médio além de quatro coleções de livros didáticos do PNLD 2018. São elas: coleção “Vivá Língua Portuguesa” (VLP), “Ser Protagonista” (SP), “Novas Palavras” (NP) e “Linguagem e Interação” (LI). Na BNCC, procuramos identificar o seu potencial de orientar currículos para um ensino-aprendizagem de literatura capaz de formar leitores críticos e criativos. Nos livros didáticos, analisamos o lugar que a literatura ocupa, o repertório de textos disponibilizados para leitura e os modos de ler propostos pelas atividades. Os dados revelam, por parte da BNCC, um tratamento aligeirado, inespecífico e com lacunas acerca do ensino de literatura. Quanto aos livros didáticos, foram percebidos avanços com relação a pesquisas anteriores no que concerne ao lugar da literatura e à composição do repertório. Quanto aos modos de leitura propostos, há uma tendência acentuada em direcionar a leitura pela via do texto, em detrimento das leituras do contexto e do intertexto, o que entendemos ser resquício da tradição gramaticista no ensino de língua materna.