"OLHA BRASÍLIA ESTÁ FLORIDA, ESTÃO CHEGANDO AS DECIDIDAS": EXPERIÊNCIAS DE UM FEMINISMO RURAL NO BRASIL A PARTIR DA MARCHA DAS MARGARIDAS
Movimentos de Mulheres Rurais; Marcha das Margaridas; Feminismo Rural; Experiências; Resistências
Esta tese, assentada nas epistemologias feministas, em sua interface com as Ciências Sociais e a História, pretende elucidar as resistências feministas de mulheres do campo, das águas e da floresta no Brasil organizadas e autodenominadas como Margaridas. A Marcha das Margaridas é uma ampla ação de mulheres rurais que aglutina uma diversidade de experiências de resistência nos diferentes territórios. A partir da relação entre sindicalismo e feminismo, incide nas políticas públicas, pressionando os governos e exigindo respostas eficazes. As Margaridas, herdeiras de Margarida Maria Alves, líder sindical assassinada na Paraíba em 1983, constroem novas rotas para si e para a história dos movimentos de mulheres rurais no Brasil e na América Latina, cujas raízes remontam aos interiores do Brasil nas últimas décadas do século XX e para as brigas travadas nos sindicatos, associações e nas próprias famílias por espaço, participação e autonomia sob seus corpos, suas vidas e seus entornos. A partir do método histórico, da história oral e de uma etnografia feminista realizada na sexta edição da Marcha, ocorrida em agosto de 2019, e no seu processo preparatório e de avaliação, visamos tecer histórias contemporâneas protagonizadas por mulheres rurais – em suas muitas feições, sotaques e origens –, cujos efeitos são sentidos no âmbito individual e coletivo em busca de justiça social e do bem viver e que se refletem na construção de uma plataforma política das Margaridas e de um feminismo rural no Brasil.