(In)visibilidades (des)territorializadas na experiência escolar: gênero, sexualidades e masculinidades negras de estudantes do Subúrbio Ferroviário de Salvador/BA
Gênero; Sexualidade; Masculinidades Negras; Experiência Escolar; Subúrbio Ferroviário de Salvador; Jovens estudantes.
Do lugar de homem negro, cisgênero, homossexual, candomblecista e “cria” do Subúrbio Ferroviário de Salvador, acredito que os debates sobre diversidade podem contribuir para o entendimento de diferentes modos de vida juvenis no contexto escolar. Quando olho para trás, consigo ver que teci uma trajetória clandestina, de muito sofrimento, uma vez que escamoteava desejos e liberdades em prol de uma suposta “aceitação”, disciplinarização e honra aos princípios morais socialmente estabelecidos, precisando estar adequado e pertecente à “produção de homens e mulheres de verdade”. A partir dessa reflexão subjetiva e tendo em conta o trabalho de campo, percebi que as questões de territorialidade produzem experiências distintas entre jovens estudantes negros/as e/ou LGBT de regiões populares das capitais brasileiras, que lidam com seus corpos e afetividades através de perspectivas insurgentes nos espaços comunitários. A presente dissertação tem por objetivo compreender, através da etnografia, os entrelaçamentos de gênero, sexualidades e masculinidades negras na experiência escolar de estudantes da região do Subúrbio Ferroviário de Salvador/BA. Analisar a experiência escolar desses jovens me possibilitou expandir a reflexão sobre as estratégias de enfrentamento utilizadas por eles(as), construindo a percepção de que o espaço escolar pode ser um lugar de sociabilidades e descobertas. A escola que estudei não era apenas um contexto de transmissão do conhecimento formal, mas, principalmente, um território em que as con(fusões) afetivo-sexuais acontecem, anunciando projetos de (re)existência juvenis plurais e fluidos.