VIOLÊNCIAS PSICOLÓGICAS: A IMPORTÂNCIA DA CONCEITUAÇÃO PARA O RECONHECIMENTO, ENFRENTAMENTO E REESTRUTURAÇÃO DE SUBJETIVIDADES
Violência Psicológica; Direitos Humanos; Gênero.
Neste trabalho são apresentadas reflexões acerca da violência psicológica compreendendo a importância da conceituação para o reconhecimento e enfrentamento necessário dessa modalidade de violência tão habitual na nossa sociedade. Traz problematizações do quanto o conceito ainda é pouco explorado interdisciplinarmente e inclusive na Psicologia. Considera-se também como embrionária, a aproximação da Psicologia com os estudos sobre mulheres a partir de uma perspectiva de gênero. Se constitui como um estudo interdisciplinar atravessando as áreas da Psicologia, Direitos Humanos e Gênero em virtude de experiência pessoal na atuação junto a mulheres em situação de violência enquanto psicóloga atuante no Sistema de Justiça. Optou-se por explorar, a partir de pesquisa qualitativa, o conceito de violência psicológica e sua percepção a partir de entrevista de três psicólogas com experiência em atendimentos a mulheres em situação de violência, buscando compreender suas experiências profissionais e estratégias de enfrentamento objetivando relacionar os dados com a literatura acerca da temática através de revisão de literatura sobre o tema e com as abordagens trazidas pelos Conselho Federal de Psicologia e Conselho Regional de Psicologia da Bahia. Conclui-se que, para as entrevistadas e em conformidade com a literatura explorada, a violência psicológica é muito frequente, com influências sócio-culturais, apresenta-se de forma primária, propulsora de outras violências e muitas vezes apresentada de forma sobreposta. Entendeu-se que as dificuldades relacionadas à conceituação teórica espelham a dinâmica própria a essa modalidade de violência: rotineira, de difícil percepção, ambivalente, de fácil banalização e passibilidade social, o que reflete a dificuldade no reconhecimento e enfrentamento. Entende-se, no entanto, que é possível a partir de um fazer psicológico compromissado, combatermos e criarmos estratégias de re-estruturação de subjetividades.