CONCEPÇÕES SOBRE CIÊNCIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA – uma análise interseccional em um Instituto Federal de Educação.
Ciência, Tecnologia, Educação;Gênero, Raça.
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Esta tese tem por objetivo analisar de que forma o viés androcêntrico característico da Ciência Moderna se manifesta até os dias atuais em uma instituição de ensino, parte da Rede Federal da Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o Instituto Federal da Bahia/ Campus Salvador. Historicamente, a instituição, sob o pretexto de formar profissionais racionais e objetivos para as indústrias, privilegia conhecimentos técnicos em detrimento de conhecimentos humanísticos. Sob essa perspectiva positivista e tecnicista, a abordagem de temáticas tais como relações étnico-raciais e relações de gênero é especialmente desafiadora, e frequentemente negligenciada, embora em contradição à própria missão institucional de formar cidadãos(ãs) histórico-críticos(as), expressa em documentos oficiais. A tese examina esse problema sob três eixos teóricos: a história da ciência, os Estudos Feministas da Ciência e da Tecnologia, em especial a teoria feminista perspectivista, e os estudos sobre currículo. Foi realizada uma pesquisa quanti-qualitativa, em que foram analisados dados quantitativos relativos aos corpos docentes e discentes do Campus Salvador tanto no que se refere ao pertencimento de gênero quanto à autodeclaração de raça/etnia. Também foram analisados os documentos que se propõem a guiar as práticas de ensino e aprendizagem, o Projeto Pedagógico Institucional e Projetos Pedagógicos dos Cursos Superiores do Campus. Por fim, foram investigadas concepções dos(as) próprios(as) docentes no que concerne ao conceito de ciência e à inserção das temáticas de gênero e de raça/etnia, por meio de questionários e entrevistas com gestores(as) e docentes do Campus. A tese destaca a pertinência de uma formação ampla, que supere modelos positivistas, tecnicistas e eurocentrados, em que o processo de ensino e aprendizagem esteja em estreita articulação com as realidades sociais, em consonância com a missão do instituto, a saber, a formação de cidadãos (ãs) críticos (as) e conscientes de seu papel frente às demandas sociais.