FEMINÁRIA MUSICAL: SAÚDE, ARTIVISMOS E PEDAGOGIA FEMINISTA NO CONTEXTO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Saúde. Pedagogia feminista. Universidade. Bem viver. Feminária musical.
Esta tese consiste em uma investigação acerca das trajetórias das participantes da Feminária Musical: Grupo de Pesquisa e Experimentos Sonoros, grupo artivista híbrido da Escola de Música e do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia, no que tange à sua produção de conhecimento sobre mulheres e música no Brasil, com destaque para as compositoras e este lugar potente da criação musical como espaço de poder e suas experimentações autorais poético-musicais e performáticas. As hipóteses iniciais referiam-se à compreensão de uma potente experiência de Pedagogia Feminista, com um caráter afetivo e de promoção de saúde experimentado na Feminária Musical. E, ainda, havia uma hipótese de reconhecimento da Universidade como espaço de contradição, potência de crescimento e experimentação de relações saudáveis, como também espaço de experiências densas, violentas nutridas pelas matrizes de desigualdades racismo, sexismo, LGBT+fobia, classismo etc. Apoiada em autoras dos Feminismos Negro e Pós-Colonial, com destaque para Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Glória Anzaldúa, Audre Lorde, bellhooks e Nilma Lino Gomes, indicam-se as compreensões acerca dos enlaces entre Saúde, Saúde Mental, Bem Viver, Afetividade, Pedagogia Feminista e Autocuidado. São investigadas as experiências vividas na Universidade, com destaque para a experiência no referido grupo, bem como, as repercussões dessa experiência grupal e artivismos, com relação à subjetivação e movimentos de resistência, ou, ainda, à existência experimentada com saúde e afeto que também me atravessam enquanto mulher negra e participante desde o final do ano de 2014, sendo, portanto, uma pesquisa participante engajada e feminista. A metodologia consistiu em uma investigação qualitativa, na qual foram entrevistadas 26 pessoas com base em um questionário de entrevistas semi-estruturado. Os dados coletados foram amplificados com base na epistemologia qualitativa, através da análise de conteúdo. Os resultados encontrados no estudo corroboraram as hipóteses levantadas inicialmente. A Feminária Musical, de fato, apresenta-se como um grupo extremamente potente, que, através de uma Pedagogia Feminista e do artivismo, implicada com uma construção de saber e relações libertárias mantém-se como espaço ímpar dentro da Universidade.