Kümedungun: Trajetórias de vida e a escrita de si de mulheres poetas mapuche
Mulheres mapuche, subjetividade, literatura.
A presente investigação pretende apresentar as trajetórias de vida de três escritoras
mapuche, que tem se destacado no cenário literário chileno nas últimas décadas: Maribel
Mora Curriao, Graciela Huinao e Rayen Kvyeh. A partir do diálogo entre as suas trajetórias
de vida e obras, cabe nos perguntar, como as mulheres poetas mapuche criam os seus
processos de subjetividade? A partir das suas narrativas de vida, consideramos que elas,
através da criação literária, expressam formas de vida que se contrapõem às identidades
impostas, sejam sociais, raciais étnicas e de gênero. Nosso objetivo é refletir acerca da
construção das suas subjetividades através do ofício de escrever-se. Acreditamos na
importância das análises voltadas para as experiências e trajetórias de mulheres mapuche,
pois elas podem contribuir com a desconstrução dos imaginários coloniais, racistas e
sexistas. As narradoras, escritoras e poetas têm registrado a luta para que as expressões
artísticas do povo mapuche sejam reconhecidas pelo cânone literário, já que as dinâmicas
de exclusão estão assentadas nas raízes da colonização europeia que valoriza a tradição
escrita e o espanhol como língua oficial, e na formação dos Estados Nacionais que excluem
as narrativas contrahegemônicas dos povos indígenas.