“Palavra Preta”, “Som das Binha” e “Sonora” – espaços de mobilização e fortalecimento da produção musical de mulheres de Salvador
Artivismo. Compositoras. Música e Gênero. Feminismo Interseccional.
A partir da necessidade de investigar a produção coletiva de mulheres dentro do campo musical, tomando como base as epistemologias feministas, se pretende analisar de que forma iniciativas como “Palavra Preta: Mostra de autoras negras”, “Som das Binha” e “Sonora – Encontro Internacional de Compositoras” se constituem como espaços de mobilização e fortalecimento de uma cena musical feminina silenciada pelas estruturas sociais de opressão. Para tanto foram realizados registros fotográficos e audiovisuais, além de anotações de campo e entrevistas com artistas que se apresentaram nos eventos citados. E assim, a partir de uma reflexão que parte de leituras feminista, etnomusicologia feminista, compreende-se essas ações como estratégia de retroalimentação e criação de uma rede de compartilhamento e saberes no qual as compositoras se constituem enquanto uma identidade política. Trazer as mobilizações para o centro da reflexão, enquanto prática coletiva, nos dá margem para pensar como a autogestão é um importante instrumento de uma produção poética-sonora, que busca uma proposta alternativa à invisibilidade das mulheres enquanto criadoras. Desmistifica-se o mito das mulheres enquanto concorrentes, que estaria em constante disputa entre si. Este tema é de grande relevância, pois há um abismo que separa as musicistas do papel de compositoras, fazendo com que dificilmente as mulheres sejam pensadas enquanto pessoas que criam.