Banca de DEFESA: NAIRA DOS SANTOS BONFIM

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : NAIRA DOS SANTOS BONFIM
DATA : 28/02/2024
HORA: 14:00
LOCAL: NEIM-UFBA
TÍTULO:

“NA MINHA CASA, NÃO!”: Negociações de Performatividade de Pessoas Assumidamente LGBTQIAP+ na Família Cisheteropatriarcal


PALAVRAS-CHAVES:

família; LGBTQIAP+; teoria queer; performatividade; autoetnografia.


PÁGINAS: 83
RESUMO:

A família é, quase sempre, o primeiro espaço de contato, socialização, aprendizagem e compreensão da cultura que estamos inseridos. A compreensão que circula no imaginário social sobre o que é família, parte de um ideal colonial e cisheteropatriarcal, que organiza os membros destas unidades em hierarquias de poder e distribuição rígidas de papéis sociais binários de gênero. Em um contexto de família pautada numa organização cisheteropatriarcal, os membros podem ser compelidos a se adequarem para reproduzir as normativas cobradas pelo meio social. Essa lógica atinge as vivências de pessoas LGBTQIAP+ que podem passar a encontrar formas de performar cisheteronormatividade nesse meio familiar, ainda que não seja essa a compreensão individual acerca do seu próprio gênero e sexualidade, numa tentativa de evitar sofrer algum tipo de opressão. Pensando em pessoas LGBTQIAP+ que assumiram sua sexualidade e/ou identidade de gênero para a sua família primária e que permaneceram em suas residências, porém, não tiveram sua identidade de gênero e/ou sexualidade aceitas, levanto alguns questionamentos: existem pactos, implícitos ou explícitos, de performatividade e expressão de gênero e sexualidade entre uma pessoa LGTBQIAP+ e a família primária que não acolhe sua identidade de gênero e/ou sexualidade? Como esses pactos funcionam? Performar cisheteronormatividade no espaço familiar primário poderia ser uma maneira de sobreviver à LGBTQIAPfobia intrafamiliar? É a partir desta reflexão que teço a minha pesquisa. Aqui, levanto a hipótese de que os pactos performativos de cisheteronormatividade feitos por pessoas assumidamente LGBTQIAP+ dentro do espaço familiar nuclear são uma estratégia de sobrevivência à LGBTQIAPfobia intrafamiliar, bem como uma estratégia para tentar garantir a permanência naquele núcleo e acessar não só afeto, mas como também recursos de educação, segurança, dentre outros. Para realização da minha pesquisa estabeleço um diálogo com as teóricas Adrienne Rich e Monique Wittig para pensar as normativas da heterossexulidade e intelectuais da teoria queer como Judith Butler, Leandro Colling e Eve Sedgwick para discorrer sobre performance, performatividade e o armário. O estudo tem caráter qualitativo e  optei pela autoetnografia para construção e análise de dados, a partir de diários pessoais, fotografias e ilustrações autorais durante o período de 2012 a 2023, complementados com  a técnica da linha de vida para separar os eventos significativos que fizeram parte dos dados. Ao longo da dissertação discorro sobre o conceito de pactos performativos, elencando recursos que são utilizados para a manutenção desses pactos. Argumento também sobre a dualidade de viver essas experiências performativas, uma vez que os pactos tanto são uma tentativa por parte da sociedade em nos aprisionar nas normativas da heterossexualidade e da cisgeneridade, como também são escudos que utilizamos para escapar de viver violências em nossas famílias nucleares. Finalizo com contribuições para a discussão sobre o que podemos definir como família, haja vista que, as pessoas LGBTQIAP+ estão sempre tensionando essas definições.


MEMBROS DA BANCA:
Interna - ***.145.425-** - LINA MARIA BRANDAO DE ARAS - UFBA
Interna - 2162647 - DARLANE SILVA VIEIRA ANDRADE
Externa à Instituição - ANNI DE NOVAIS CARNEIRO
Notícia cadastrada em: 06/02/2024 10:32
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