O presente trabalho teve como tema o fervo. Mais especificamente compreender, de forma mais profunda e orgânica, de que maneira o fervo poderia contribuir com o campo teórico e político da Diversidade Sexual e de Gênero. O trabalho está dividido em quatro partes. A primeira delas apresenta a apoteótica construção do campo teórico e político da Diversidade Sexual e de Gênero como uma experiência geracional, sobretudo, a partir do início do século XXI no Brasil. A segunda parte registra a histórica contribuição do que denominei de saberes fervidos, contornando conceitos e apresentando a proposta de metodologia a partir da fervografia (NEVES, 2018) ou da chamada aqui de experiência fervográfica. A partir dos registros de diários de campo, sistematizamos a experiência desenvolvida pelo estudo em Salvador, partindo da criação do Coletivo Drags da Prevenção, passando pela criação do Movimento Drag Power e chegando até a prévia do que se tornou mais a frente a Plataforma Fervo2k20. A terceira parte apresenta um conjunto de tecnologias sociais (TS) que foram construídas no caótico período da pandemia do covid-19, junto com as interlocutoras de pesquisa. A partir dessas ferramentas (TS) foi possível coletar e sistematizar dados da situação de artistas, produtoras e coletivos culturais protagonizados por mulheres e LGBTQIA+, sobretudo negras, de e/ou com trajetória de periferia e construir, com elas, soluções criativas para superar o quadro de vulnerabilidade a qual este setor se encontrava. Coletivos criaram movimentos, que criaram plataforma, observatório e executaram um conjunto de projetos culturais que permitiram a muitas dessas artistas e coletivos acessarem recursos públicos pela primeira vez - oriundos, sobretudo, da Lei Aldir Blanc. Apresentamos a experiência desenvolvida tanto em Salvador, quanto na Ilha de Boipeba, localizada na cidade de Cairu, interior da Bahia, Brasil profundo, onde realizamos por 13 meses uma ação focal da Plataforma Fervo2k20 em parceira com o Espaço Cultural Dionésia e participamos da criação de ferramentas locais como o Laboratório Artístico de Boipeba (LAB). A quarta e última parte traz considerações finais qual recheiam o conceito de fervo, desenvolvido pelo autor desde 2015, assim como traz contribuições a conceitos caros ao campo da Diversidade Sexual e de Gênero como identidade e diversidade, diferença e igualdade, e apresenta alguns desafios que o fervo aponta aos estudos e lutas de gênero e sexualidade no Sul Global.