Banca de DEFESA: BÁRBARA JARDIM

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : BÁRBARA JARDIM
DATA : 03/08/2023
HORA: 08:55
LOCAL: PPGNEIM
TÍTULO:

CIGANAS NA ENCRUZILHADA: A INTERSECCIONALIDADE DE GÊNERO, RAÇA, ETNIA E CLASSE NA TRAJETÓRIA EDUCACIONAL DE CIGANAS CALINS DE CAMAÇARI - BAHIA


PALAVRAS-CHAVES:

Ciganas Calins; Gênero; Interseccionalidade; Educação Escolar; Feminismo Cigano;


PÁGINAS: 227
RESUMO:

Esta pesquisa pretendeu identificar e analisar a intersecção dos marcadores sociais de gênero, raça, etnia e classe na trajetória educacional (e ausência dela) de ciganas calins da comunidade cigana Calon de Camaçari, Bahia. Para tanto, utilizei o conceito de interseccionalidade como ferramenta teórico-metodológica e prática procurando investigar de quais maneiras esses marcadores operaram simultaneamente nas experiências sociais dessas mulheres, gerando desvantagens no acesso à educação a partir da articulação do sexismo, racismo e classismo. Pertencentes a um grupo étnico historicamente marginalizado e oprimido pelas estruturas sociais hegemônicas através de discursos e práticas racistas e classistas, no acúmulo desses marcadores sociais da diferença que geram desigualdades pesa às mulheres ciganas a opressão de gênero. Esta é uma pesquisa qualitativa, realizada através de entrevistas semiestruturadas com quatro mulheres ciganas da comunidade, uma delas vivendo hoje fora. As entrevistas foram realizadas entre os meses de novembro de 2021 e abril de 2022 na referida comunidade e em espaço virtual. Com uma abordagem multirreferencial, para a análise e interpretação dos dados fornecidos pelas ciganas calins sobre o tema proposto, além das lentes interseccionais, apoei-me nas teorias críticas de raça, teorias pós-coloniais e decoloniais por uma perspectiva feminista, nas epistemologias feministas, na antropologia feminista e especialmente nas contribuições do pensamento feminista negro e cigano. A pesquisa revelou que, a exemplo do que ocorre em outros espaços sociais/institucionais hegemônicos, a escola constituiu-se como um lócus de reprodução das estruturas racistas, sexistas e classistas, no qual parte das ciganas calins sofreram continuamente preconceitos e discriminações. Por outro lado, nas dinâmicas das relações de gênero e etnia internas, a pesquisa revelou ainda que, embora a ruptura prematura de meninos e meninas com a escola seja uma prática cultural comum na comunidade, visando à não diluição do ethos cultural, o seguimento dessa prática é cobrado com maior peso no gênero feminino. A pesquisa revelou também que, do ponto de vista de algumas das calins participantes, a comunidade cigana como um todo não é contra a educação, considerando-a muito importante para as (os) ciganas (os) em diversos aspectos, contudo, ao mesmo tempo ressaltaram as dificuldades enfrentadas pelas (os) ciganas (os) nos espaços educacionais hegemônicos: falta de (re) conhecimento das culturas ciganas, episódios contínuos de preconceito e discriminação etc. por parte de docentes e discentes. Conclui-se que as dificuldades de inserção nos espaços educacionais hegemônicos, bem como do prolongamento da trajetória educacional de meninas e mulheres ciganas decorrem de diversos fatores complexos, indo muito além da conformidade com os valores e práticas tradicionais étnicos: o Estado brasileiro tem uma responsabilidade crucial, uma vez que, ainda hoje, perpetua a invisibilização/opressão estrutural/institucional de pessoas ciganas. Conclui-se, por fim, que diante da encruzilhada de gênero, raça, etnia e classe onde meninas e mulheres ciganas são forçadamente colocadas, a busca por correção da injustiça social sofrida pelos grupos ciganos na esfera educacional passa incontornavelmente pela promoção de uma análise e prática antirracistas, antisexistas e anticlassistas.


MEMBROS DA BANCA:
Interna - ***.219.699-** - CATERINA ALESSANDRA REA - UNILAB
Externa à Instituição - CLÁUDIA CARDINALE NUNES MENEZES - UFS
Presidente - ***.145.425-** - LINA MARIA BRANDAO DE ARAS - UFBA
Interna - ***.179.155-** - VANESSA RIBEIRO SIMON CAVALCANTI - UANL
Notícia cadastrada em: 28/07/2023 08:01
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