Burocracia Representativa de Gênero no Governo Federal do Brasil
burocracia representativa ativa, igualdade de gênero, estudos de gênero e feminismos, média e alta burocracia, formação de servidores, perspectiva de gênero e raça, políticas públicas, gestão pública.
A crescente presença de mulheres no poder executivo federal nas duas primeiras décadas do séc. XXI, devido ao concurso público, aumentou a representação burocrática de gênero passiva no serviço público. Esta pesquisa buscou identificar os fatores que favorecem a transição da representação passiva de gênero para ativa. Buscamos compreender o que leva mulheres servidoras a terem comportamentos pró-igualdade de gênero e raça na gestão pública e no processo de produção e avaliação de políticas. Para isso, foi conduzida uma pesquisa de survey em que obtivemos 304 respostas, sendo 291 válidas. A pesquisa quantitativa foi associada a entrevistas aprofundadas com seis mulheres recomendadas no questionário da survey por seu trabalho pela igualdade de gênero. Concluiu-se que as burocratas passam por frequentes episódios de discriminacão de gênero e raça, incluindo assédios, mas recebem pouco apoio institucional para enfrentá-los. O histórico de discriminação mostrou ser desfavorável à ativacão da representação de gênero na burocracia. A participação em redes e coletivos de mulheres, a experiência em cargos em comissão na média e alta burocracia e a formação em estudos feministas aumentam a probabilidade de as burocratas terem atitudes pró-igualdade de gênero na gestão, comportamentos antissexista e antirracista no trabalho e ter perspectiva de gênero e raça na produção de políticas públicas. A transição da burocracia representativa de gênero passiva para ativa pode ser mais fortemente potencializada quando as mulheres realizam cursos de capacitação sobre estudos feministas.