“VIRANDO O JOGO:” TRAJETÓRIAS E NARRATIVAS DE ESTUDANTES NEGRAS NA PÓS-GRADUAÇÃO DO CAHL/ UFRB
trajetórias educacionais; mulheres negras; violência; gênero; raça.
A presente dissertação tem como objetivo analisar trajetórias de estudantes negras da Pós-Graduação do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, destacando a experiência de estudantes negras com a violência no ambiente universitário. Buscamos a partir deste trabalho compreender como tem se construído a trajetórias dessas estudantes, discutindo aspectos do percurso educacional e as especificidades da violência vivenciadas por elas no contexto acadêmico. A construção do estudo o caracteriza como pesquisa qualitativa, articula-se a partir de revisão bibliográfica, aporte teórico fundamentado no pensamento de intelectuais negras, análise de casos de violência ocorridos na universidade divulgados na mídia e entrevistas semiestruturadas com estudantes negras da Pós-Graduação do CAHL/UFRB. No capítulo inicial evidenciaremos sobre a presença da violência de gênero no ensino superior, a partir de uma reflexão interseccional, considerando os diferentes fatores que atravessam o trajeto de mulheres negras. Em seguida apresentaremos uma breve contextualização sobre a consolidação da pós-graduação nas universidades brasileiras, bem como na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Por último, articulamos os relatos das entrevistadas a partir de fatores que se destacam na sua trajetória, apresentando o seu percurso educacional, projetos de vida, dificuldades, estratégias de permanência, experiências com a violência, a importância da rede de afetos na vida de mulheres negras e as vivências das estudantes no ambiente educacional, sobretudo no ensino superior. Pode-se notar que há dificuldade das estudantes conceituarem e identificarem a violência, apesar de reconhecerem que atos violentos fizeram parte de toda a sua vida e que os mesmos impactam diretamente no percurso educacional. Além disso, nota-se que as instituições universitárias não possuem estratégias para prevenção, tampouco para lidar com as situações de violência. Dessa forma apresentaremos alguns aspectos importantes para repensar a estrutura do ambiente universitário, considerando as similaridades e diferenças na experiência dessas estudantes, para pensar possíveis caminhos para refletir novas possibilidades para a experiência de pessoas negras na pós-graduação.