ÉTICA E COMPOSIÇÃO COREOGRÁFICA EM DANÇA
ética, política, poética, composição coreográfica, Biblioteca de Dança.
Esta pesquisa indaga sobre o exercício ético na dança como prática de imaginação poético-política (LEPECKI, 2010) que dinamiza nossa capacidade de agir, de afetar e ser afetado, implicando na produção da diferença (DELEUZE, 1997) e em modos singulares de subjetivação (CUNHA, 2021) no encontro temporário com obras coreográficas. A tese será organizada em quatro capítulos, tendo como metodologia de investigação a Prática como Pesquisa (FERNANDES, 2013) a fim de analisar dispositivos ético-performativos presentes em obras coreográficas. Essa metodologia instiga o imbricamento entre pesquisa, criação e realização, como processos mutuamente dependentes no que tange a procedimentos e aos meandros da construção de conhecimento. No arcabouço teórico, são articuladas noções como historiografia performativa / encarnada (FABIÃO, 2012; MACHADO, 2014; RAMOS 2021, CASTILLO, 2020); oralitura (MARTINS, 2021); ficção (RANCIÈRE, 2005; LE GUIN, 2021); afeto (SPINOZA, 2020; PAIS, 2021); performance telling (HERBORDT / MOHREN, 2017) e dramaturgia pulsional (ROCHA, 2016; SCHIAVON, 2019). Tais perspectivas favorecem a compreensão de como algumas decisões compositivas projetam espaços-tempos compartilhados que dizem sobre os modos como elaboramos o nosso viver coletivo e como imaginamos outras possíveis cenas do comum. A pesquisa está sendo realizada entre o Brasil e a Alemanha, em formato de doutorado sanduíche, dialogando com artistas, espectadores e obras com destaque para a coreografia Biblioteca de Dança (2017) de Jorge Alencar e Neto Machado (Bahia, Brasil), o arquivo performativo Das Schaudepot (2021) da dupla Die Institution (Alemanha) e as instalações coreográficas Retrospective (2012) e Temporary Title (2015) de Xavier Le Roy (Alemanha). A partir da investigação, tem sido possível evidenciar como experiências em dança ativam uma eminente dimensão ético-política seja nas po.éticas das próprias obras e/ou nos acordos recíprocos entre artistas e públicos, os quais sustentam certas forças, mobilizam afecções, dinamizam nossa potência.