POÉTICA DE SERESTAR CATIRINAS
PALAVRAS-CHAVE: danças, brincador de bois, Catirinas, jogo e ancestralidade.
RESUMO
A tese aqui “dançada” apresenta uma costura de memórias acerca da brincadeira do Boi de Reis em minha história. Nessa narrativa, brinco com a passagem do tempo de menino até chegar a minhas andanças pedagógico-performativas como brincador na cena popular. A tessitura desse texto busca atender à necessidade de reconhecer a brincadeira do Boi de Reis, que tem ocorrido há mais de cem anos na Cidade de Vera Cruz/RN, como uma representação cultural do meu povo e de tantas outras pessoas fazedoras dessa brincadeira. Muito especialmente, faço um recorte no todo da brincadeira e me dedico à percepção do corpo de Catirina – única presença feminina no jogo lúdico do brincar do boi. Com ela, busco estudar a construção poética e os saberes culturais e educacionais imersos no contexto dessa dança de bois. A pesquisa investigativa autorreferente, aborda questões poético-políticas, sensório-sociais e imagético-culturais que me atravessam no percurso de materialização da personagem Catirina em suas diferentes versões no decorrer do processo criativo. Com isso, pretendo colocar em debate algumas proposições acerca do universo da brincadeira, entendendo-a como uma representação cultural de dado grupo social, dado lugar, dado povo. Ciceroneiam esse texto, MACHADO (2017), com Danças no Jogo da Construção Poética, OLIVEIRA (2021), com a Filosofia da Ancestralidade, RUFINO (2016), com Pedagogia das Encruzilhadas, SANTOS (2002), fazendo o cruzo com o Corpo e Ancestralidade. Evoco para dançar comigo GLISSANT (2021) e sua Poética da Relação, MARTINS (2021) nas Performances do tempo espiralar. Partilho das contribuições de AMOROSO (2009) que com o seu miudinho me fez girar. SANTOS (2020) batucou nessa tese “dançada” me atinando para a Poética das Relações. O grande Mestre Tião Carvalho, brincante de boi e meu padrinho da brincadeira alumiou os meus passos na cena e nos modos de brincar. A construção dessa tessitura recupera minha ancestralidade, pois com ela brinco e acesso as divindades ancestrais do “Serestar Catirinas”, trabalho artístico fruto dessa pesquisa de doutorado.