O PSIU-UFBA e a noção de urgência subjetiva: uma leitura psicanalítica
PSIU-UFBA. Urgência subjetiva. Psicanálise. Estudos sobre a universidade. Clínica ampliada
O objeto desta pesquisa é a proposta do PSIU-UFBA tendo como foco a operacionalização da noção de urgência subjetiva. O PSIU é um Programa de Extensão da Universidade Federal da Bahia, orientado pela psicanálise, e que visa oferecer escuta/acolhimento no exato momento de necessidade, sem entraves burocráticos, num modelo próximo ao plantão psicológico. Pode acessar o serviço qualquer pessoa da comunidade UFBA, a saber, estudantes, docentes e técnico-administrativos. A pergunta norteadora da investigação é: como se caracteriza este serviço no que concerne à ideia de urgência subjetiva, de acordo com os atendimentos realizados pelos/as profissionais do serviço, em seu primeiro ano de funcionamento? O objetivo é apresentar o PSIU-UFBA em seu primeiro ano de implantação (2017-2018), tendo como foco a noção de urgência subjetiva. Para tanto, são utilizados os registros clínicos, breves relatos que os/as profissionais escrevem, em uma planilha, após o atendimento a cada pessoa que chega ao serviço. Metodologicamente, trata-se de um estudo de caso único, sendo o caso o PSIU-UFBA. Como resultados do exame do material empírico, destacam-se: a imensa maioria das pessoas atendidas são estudantes de graduação; mais da metade é formada por pessoas que recém-ingressaram na vida adulta e na universidade; também mais da metade é atendida de algum modo pela Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da UFBA. Nos relatos, os profissionais usam palavras e expressões como desânimo, choro, desespero, conflitos, dificuldades, crise de ansiedade, confusões, sofrimento. A maioria dos relatos não explicita a palavra angústia; aqueles que o fazem referem queixas puramente subjetivas, ligadas à relação familiar do sujeito, ao estranhamento com a cidade – no caso dos que vêm de outro lugar –, bem como com a própria instituição. A palavra angústia, quando aparece, está circunscrita a questões singulares e não ligadas a uma urgência médica. Nota-se ainda que esse dispositivo clínico, eticamente orientado pela psicanálise, não visa patologizar situações singulares nem relações. Antes, busca acolher, reconhecer e direcionar o desamparo psíquico em uma aposta na direção da vida.