Práticas maternas de socialização emocional e autorregulação emocional infantil
Autorregulação emocional infantil; socialização emocional; práticas maternas; estratégias de autorrregulação emocional.
A autorregulação emocional envolve o controle voluntário da tendência comportamental associada à experiência emocional para atingir objetivos e ajustar-se às demandas da situação. Esse processo repercute em diferentes aspectos dos domínios socioemocional e cognitivo, influenciando o ajustamento psicossocial do indivíduo. Diversas variáveis relacionam-se com a autorregulação emocional. Entre essas variáveis, as práticas adotadas pelos pais para ensinar os filhos a entender e administrar as emoções parecem exercer um papel importante no desenvolvimento da autorregulação emocional. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar as relações entre as práticas maternas de socialização emocional e a autorregulação emocional infantil. Para alcançar este objetivo, foi utilizado o delineamento correlacional. Participaram deste estudo 33 mães com filhos de ambos os sexos com idade entre seis e sete anos e 30 crianças, selecionadas entre os filhos das mães participantes. As mães responderam à Ficha de Dados Sociodemográficos, à Escala de Reações Parentais às Emoções Negativas dos Filhos – CCNES e ao Inventário de Autorregulação Emocional – ERC. As crianças responderam à Entrevista para Avaliação das Estratégias de Autorregulação Emocional Infantil. Os resultados confirmaram o poder preditivo das reações não apoiadoras da expressão emocional da criança, que resultam em menor capacidade de autorregulação emocional por parte da criança, de acordo com o relato das mães. Quanto à autorregulação relatada pelas crianças, os resultados não confirmaram o poder preditivo das práticas maternas de socialização das emoções sobre essa variável. De qualquer modo as análises preliminares indicaram correlações positivas entre algumas das práticas maternas apoiadoras e certas subcategorias de estratégias de enfrentamento relatadas pela criança e correlações negativas entre esse tipo de prática e algumas das subcategorias de estratégias de fuga mencionadas pelas crianças. Algumas categorias de práticas maternas não apoiadoras, por sua vez, correlacionaram-se positivamente com algumas subcategorias de estratégias de fuga relatadas pelas crianças, e negativamente com certas subcategorias de estratégias de enfrentamento descritas pelas crianças. Os achados indicam a relevância de intervenções que promovam nos pais práticas apoiadoras da expressão de emoções por parte dos filhos de modo a favorecer o desenvolvimento emocional infantil. Quanto ao relato infantil das estratégias de autorregulação, é fundamental que novas pesquisas longitudinais e experimentais incluindo amostras maiores continuem investigando essas relações.