TORNANDO-SE MÃE DE GÊMEAS PREMATURAS: uma perspectiva autoetnográfica
Maternidade; prematuridade; gemelaridade; gêmeos; psicologia cultural; autoetnografia.
A maternidade pode ser considerada como um dos mais importantes processos de transição na vida de uma mulher. Eventos não normativos como a gestação de bebês múltiplos e o nascimento prematuro costumam ser vivenciados como rupturas no curso do desenvolvimento esperado, despertando conflitos e provocando tensões do sistema de self. Considerando a importância de compreender esses eventos a partir da perspectiva das mães, e diante da escassez de estudos com foco na experiência pessoal dessas mulheres, como mãe de gêmeas nascidas prematuras e internadas em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, minha dissertação se configurou como uma pesquisa autoetnográfica, uma abordagem que busca descrever e sistematicamente analisar experiências pessoais para entender experiências culturais. Partindo da minha vivência pessoal, objetivei explorar, analisar e discutir questões práticas, emocionais, psicológicas, sociais e culturais relacionadas a esse fenômeno de tornar-se mãe de gêmeos prematuros em contexto hospitalar. Este estudo utiliza como ponto de partida os diários escritos na época da gestação e nascimento de minhas filhas que serviram como disparadores para a recordação e narrativa da experiência que, com base nas revisões da literatura sobre maternidade, prematuridade, gemelaridade, redes de apoio e de conceitos da psicologia cultural, foi analisada relacionando-a com as experiências de outras mães, através da literatura disponível e do contato pessoal, fomentando discussões a respeito de questões sociais e culturais envolvidas na experiência de tornar-se mãe.