Trajetórias acadêmicas de jovens gays e negros na educação superior
Gays, Negros, Autorregulação, Identidade, Educação Superior.
Esta pesquisa teve como objetivo analisar as trajetórias acadêmicas de jovens estudantes a partir das significações construídas sobre ser gay e negro na educação superior. As experiências de jovens gays e negros no Brasil são marcadas pela ação de sistemas de opressão, historicamente construídos, que atuam sobre seus corpos, condutas e identidades. A partir de suas trajetórias educacionais, diversos discursos, muitas vezes estereotipados, sobre “ser gay” e “ser negro” são internalizados e integrados às suas percepções identitárias. Ao longo da vida, essas significações são tensionadas a partir de experiências significativas, com forte carga afetiva, que proporcionam aos sujeitos a emergência de novos significados relacionados às suas identidades. Considerando a universidade como um espaço fronteiriço, propício a vivência dessas experiências, este estudo parte da hipótese de que a inserção no ensino superior viabiliza a autorregulação semiótica e o reposicionamento identitário. Um estudo de caso único foi realizado através de uma entrevista narrativa com um jovem estudante autodeclarado gay e negro da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), localizada no município de São Francisco do Conde – BA. Os dados construídos em campo foram analisados sob as lentes da Psicologia Cultural de Orientação Semiótica (Valsiner, 2012; Marsico & Tateo, 2017). Os resultados mostram que as principais experiências vivenciadas na universidade promotoras da autorregulação dessas categorias identitárias, estão relacionadas ao senso de pertencimento institucional, ao desenvolvimento do pensamento crítico sobre identidade e a possibilidade de criar narrativas sobre si, vislumbrando novas possibilidades além das impostas pelos sistemas de opressão.