Banca de DEFESA: DHIEGO ALVES FRANCA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : DHIEGO ALVES FRANCA
DATA : 18/10/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Sala de videoconferência do Pavilhão Raul Seixas
TÍTULO:

"MARCHA, SOLDADO, CABEÇA DE PAPEL": REPRODUÇÃO INTERPRETATIVA E CULTURA DE PARES NAS BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS EM UMA VILA MILITAR


PALAVRAS-CHAVES:

brincadeiras; contexto cultural; reprodução interpretativa; militarismo.


PÁGINAS: 187
RESUMO:

A brincadeira é um sistema comportamental presente em diversas espécies animais e em todos os mamíferos, incluindo aqui a espécie humana, que é aquela que mais brinca e por mais tempo. A brincadeira parece ter sido selecionada na história filogenética do homo sapiens devido à sua relevância para o desenvolvimento de flexibilização comportamental a fim de lidar com tecnologias e com uma estrutura social complexa. Do ponto de vista ontogenético, a brincadeira parece também ter relevância, pois está associada a benefícios imediatos – e também a médio e longo prazos – em diversas esferas do desenvolvimento: física, cognitiva, emocional, sociorrelacional e cultural. Sobre essa última, é sabido que a brincadeira catalisa a inserção e integração da criança ao ambiente sociocultural a que pertence, promovendo maior domínio das regras deste grupo social, das normas e dos valores prevalentes, pois, ao brincar, a criança cria uma representação lúdica do ambiente adulto. Não obstante, por meio da brincadeira, a criança não apenas introjeta regras e papéis sociais da macro cultura na qual se insere; ela também reinterpreta/ressignifica, de forma ativa e inovadora, tais elementos, fenômeno chamado de Reprodução Interpretativa, e, partir desse processo, cria cultura, a micro cultura do grupo de brinquedo, e transmite essas inovações culturais, horizontalmente, aos seus pares (Cultura de Pares) pela via lúdica. Devido à imbricada relação desenvolvimento humano-contexto, diversas pesquisas têm sido levadas a cabo buscando explorar e entender tal temática, inclusive por meio dos estudos sobre brincadeiras. A literatura sobre o tema já contempla investigações produzidas nos mais diversos contextos e com populações muito variadas: zonas urbanas/rurais, capitais/interiores, em ambientes externos (como ruas) ou internos (como playgrounds), com populações indígenas, quilombolas, com crianças das mais diversas idades, gêneros, com brincadeiras tradicionais ou eletrônicas. O ambiente militar, entretanto, segue pouco explorado, embora seja um contexto relevante por suas idiossincrasias. O objetivo do estudo, portanto, foi investigar se e como crianças residentes em uma vila militar da Marinha do Brasil, durante suas brincadeiras sociais, assimilam e ressignificam a cultura militar na construção de suas culturas lúdicas, do quê e como brincam, como interagem com seus pares e com seu ambiente cultural e quais as características de suas culturas de pares. Para tanto, a pesquisa foi conduzida em duas fases, ambas na Vila Naval da Barragem (VNB). Na fase 01, foram observados e registrados 40 episódios de brincadeiras de diversas categorias, em ambientes abertos da VNB, conduzidas de forma livre e sem interferência adulta. Na fase 02, foram entrevistadas 17 crianças, que eram convidadas a expressar seu ponto de vista acerca dos fenômenos em pauta. Participaram do estudo, crianças entre 4 e 10 anos. Em termos de delineamento, trata-se de pesquisa exploratória e descritiva, de abordagem qualitativa. Por meio da integração dos dados das duas fases do estudo, foram discutidas três categorias temáticas: Brincadeiras e Gênero; A transmissão da cultura lúdica na VNB; As simbologias navais nas brincadeiras. Ademais, caracterizaram-se os brincantes e também a VNB enquanto contexto de desenvolvimento. A pesquisa foi conduzida articulando elementos da Psicologia Evolucionista do Desenvolvimento, da Psicologia Sócio-Histórica e da Sociologia da Infância. Os resultados sugerem: predomínio de brincadeiras e jogos com regras/brincadeiras tradicionais em contexto de rua, em grupos não-coetâneos e variados em gênero, com forte protagonismo feminino; tendência a transmissibilidade cultural horizontal entre as crianças; pouca presença explícita de simbologias navais nas brincadeiras, mas claramente ressignificadas, quando evidenciadas.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - ***.514.605-** - ILKA DIAS BICHARA - UFBA
Interno - 1324179 - FABRICIO DE SOUZA
Externa à Instituição - SHINIATA ALVAIA DE MENEZES - UEFS
Notícia cadastrada em: 06/10/2023 14:22
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