Violência e Processos de significação: um estudo com adolescentes em situação de rua
Adolescentes em situação de rua; comportamento violento; significação; valores morais.
A presente pesquisa buscou compreender os processos de significação de adolescentes em situação de rua sobre a violência. Foi utilizado uma abordagem de natureza qualitativa, do tipo interpretativa, tendo como referencial teórico a Psicologia Semiótico Cultural e como participantes cinco adolescentes em situação de rua, com idade entre 16 a 19 anos, que se encontravam morando ou trabalhando de modo irregular nas ruas de Feira de Santana-Ba. A construção e produção de dados compreendeu o mapeamento das instituições que trabalham com a referida população, o acesso a territórios geográficos e sociais de maior vulnerabilidade (semáforos, rodoviária, feira livre e praças públicas) e a aplicação de quatro instrumentos e/ou técnicas de coleta de dados (questionário sociodemográfico, técnica de vinhetas, entrevista semiestruturada e diário de campo). Os dados foram transcritos, organizados e analisados, por meio de uma ampla leitura, com o intuito de buscar significados e visando definir formas de categorização e/ou subcategorização das informações. Nesta tese destaca-se as implicações das construções semióticas de adolescentes na condução de comportamentos violentos e/ou na sua evitação. A retração de comportamentos violentos emergiu diante de signos carregados de representações sociais, religiosas e afetivas. A violência paterna e os conflitos familiares estiverem relacionados aos processos semióticos de ida para as ruas e cometimento de atos infracionais, já o trabalho realizado na rua expôs processos de internalização e externalização de valores relacionados a comportamentos morais e distanciamento de atos infracionais. Além disso, as narrativas dos participantes apontaram para processos de desfamiliarização, desproteção social e despolitização, sendo que signos provenientes da cultura coletiva como “agressão” e o “coração mau das pessoas” foram associados a formas de violência física, psicológica, social e institucional e outros signos provenientes da cultura pessoal como “Atenção às características das pessoas” e “Agir Educadamente” apresentaram-se como formas úteis de proteção, regulação afetiva, emocional e comportamental no ciclo de relações no mundo da rua.