EMPATIA E PERSONALIDADE: UMA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DOS
MOTORISTAS
Personalidade, comportamento, empatia e acidentes de trânsito
O trânsito é um contexto dinâmico composto por vias, veículos e pessoas. Entretanto, a maioria
dos problemas no trânsito, incluindo acidentes, são decorrentes do fator humano. Muitos estudos
têm sido realizados sobre empatia, personalidade e comportamento, mas não abordando a relação
entre eles no contexto de mobilidade. Assim, este estudo deu ênfase a estes elementos com o
intuito de dar maior visibilidade às discussões sobre o trânsito no interior do estado da Bahia e
contribuir para eventuais intervenções sociais e/ou educativas futuras. Com isso, buscou-se
analisar a possível relação entre empatia, personalidade e o comportamento de erros, lapsos e
violações dos condutores habilitados, conhecer o perfil destes sujeitos e buscar possíveis
diferenças entre sexo, idade, escolaridade e envolvimento em acidentes. Foram utilizados os
seguintes instrumentos impressos, a saber: o Interpersonal Reactivity Index (IRI); a Escala de
Personalidade para Motoristas (EPM); o Questionário do Comportamento do Motorista (QCM); e
um Questionário Sociodemográfico elaborado pela autora. A amostra não probabilística por
conveniência foi composta por sujeitos habilitados, obedecendo todos os aspectos éticos. Dos 189
sujeitos, a maioria era do sexo masculino, com média de 38,8 anos, ensino médio completo,
habilitados para carro e moto (AB), sem histórico de acidente, com alta pró-sociabilidade e
consideração empática e com mais comportamentos de lapsos que erros e violações. Os
condutores mais jovens apresentaram mais violação e menos consideração empática quando
comparado aos condutores mais velhos. Foi verificada correlação negativa entre instabilidade
emocional e tomada de perspectiva; e entre tomada de perspectiva e consideração empática e o
fator violação. Houve correlação positiva entre comportamentos de erros, lapsos e violações e os
fatores instabilidade emocional e busca por sensações. Impulsividade e lapsos também se
correlacionaram positivamente, e pró-sociabilidade e violações, negativamente, o que sugere que
as pessoas que mais violam o trânsito são aquelas mais instáveis e que tendem a se colocar menos no lugar dos outros. Os resultados sugerem a necessidade de se intensificar os estudos no contexto do trânsito, principalmente com relação à personalidade (pró-sociabilidade, instabilidade emocional e busca por sensações), aos comportamentos de violações e à empatia.