Novos itinerários, horizontes e fronteiras: as transições desenvolvimentais de estudantes em mobilidade acadêmica internacional
Interacionismo Simbólico. Afiliação Estudantil. Mobilidade Acadêmica
A internacionalização tem recebido, nas últimas décadas, atenção especial no âmbito da literatura sobre o ensino superior. Este é um trabalho orientado, articulado e pautado por questões relacionadas à internacionalização, sendo a mobilidade estudantil internacional tomada como recorte político deste estudo. Assim, o objeto e objetivos desta investigação sinalizam para o universo da mobilidade acadêmica, no cenário da internacionalização do ensino superior, analisando as transições desenvolvimentais, as estratégias de afiliação empreendidas, as experiências e influências na vida dos estudantes de graduação que realizaram algum programa de mobilidade internacional. O foco do estudo volta-se para as práticas de internacionalização desenvolvidas em uma universidade pública baiana, para compreender como a mobilidade estudantil internacional colabora para a formação universitária e o desenvolvimento humano. Para alcançar os objetivos definidos foi realizada uma pesquisa qualitativa e exploratória com estudantes egressos da mobilidade internacional e, mais especificamente, as aquisições formativas descritas por estes sujeitos como resultado de seus programas de estudo em cooperação internacional. Experenciar a mobilidade possibilita aos estudantes a interpretação deum outro mundo; as trajetórias desenvolvimentais dos estudantes que participaram de programas de mobilidade internacional não compreendem simplesmente as mudanças, mas sobretudo, sua percepção e o seu impacto em suas vidas. E, deste modo, para sobreviverem novos territórios, os estudantes desenvolvem a alteridade e comportamentos que permitem compreender além das regras,costumes e língua. Graças ao suporte teórico do Interacionismo Simbólico,foi possível olhar e compreender as aquisições desenvolvimentais dos estudantes intercambistas produzidas sobre um habitus em permanente renovação, que se enriquece de experiências novas, de transições e passagens. Os resultados da pesquisa mostraram que a experiência da mobilidade internacional dá provas de uma afiliação institucional importante;o intercâmbio é, ele próprio, uma atividade afiliadora quando fortalece os laços de pertencimento com a instituição de origem, produz sentimentos de gratidão e possui um efeito multiplicador, incentivando outros estudantes a também vivenciar esta prática. E assim, por meio de um processo de interpretação permanente, viver a mobilidade permite ao estudante construir seu projeto de formação, desenvolver sua capacidade de autonomia e de comunicação.