MODELAGEM E PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE PRODUZIDO POR Psedomonas aeruginosa EM MEIO DE CULTURA CONTENDO RESÍDUOS DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Ramnolipídeo, Resíduos Petroquímicos, EOR, MEOR, Água produzida, glicerina bruta, Pseudomonas aeruginosa.
Os ramnolipídeos são biossurfactantes produzidos por bactérias do gênero Pseudomonas, que apresentam propriedades de reduzir as tensões superficial e interfacial, além de emulsificar duas fases insolúveis. Tais bioativos apresentam vantagens quando comparados aos surfactantes obtidos por via química por serem de mais fácil degradação no ambiente, apresentarem baixa toxicidade e poderem ser produzidos a partir de substratos renováveis. Apesar das diversas vantagens dos biossurfactantes em ralação aos surfactantes de origem química, o uso dos primeiros ainda não é muito praticado na indústria petroquímica, principalmente pelos altos custos de produção. Uma alternativa para viabilizar o processo consiste na utilização de resíduos industriais como a água produzida do petróleo e a glicerina bruta, ambos rejeitos da indústria petroquímica, o que além de reduzir os custos de produção, permite uma destinação aos resíduos, além de agregar valor a estes. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi produzir ramnolipídeo utilizando água produzida e glicerina bruta como substratos, viabilizando e otimizando o processo de produção deste bioativo. Para tal, se testou a água produzida de forma bruta e diluída, avaliou-se a influência da salinidade na produção de ramnolipídeo e por fim, otimizou-se o meio de produção em relação à fonte adicional de nitrogênio (onde as fontes NaNO3 e extrato de levedura foram testadas em concentrações variadas) e à fonte de carbono (testando diversas concentrações de glicerina bruta). Como resultados, observou-se uma baixa produção de ramnolipídeo com a utilização da água produzida, problema que foi contornado com um pré-tratamento do resíduo. A salinidade também demonstrou influência negativa na produção do biossurfactante, o que pôde ser verificado logo a partir da concentração de 2% (p/v) de NaCl. Na avaliação da adição de fontes de nitrogênio, não se notou diferenças significativas entre as melhores concentrações de NaNO3 e o extrato de levedura, porém, durante o estudo das propriedades físico-químicas da molécula obtida, como tensão superficial e interfacial, o extrato de levedura demonstrou ser a melhor opção, nos moldes do presente estudo. Quanto à fonte de carbono, a concentração de 25 ml/L de glicerina bruta propiciou produções de 9,33 g/L de ramnolipídeo, resultados bastante satisfatórios em comparação à literatura. A caracterização da molécula por FT-IR e espectrometria de massas demonstrou forte semelhança em relação à molécula produzida em outros estudos. Sendo assim, o emprego dos resíduos petroquímicos água produzida e da glicerina bruta na produção de ramnolipídeo nas condições estudadas se mostrou uma forma satisfatória à utilização desses resíduos.