AVALIAÇÃO DA FARMACOCINÉTICA E PENETRAÇÃO RENAL DA ANFOTERICINA B EM RATOS WISTAR SADIOS E INFECTADOS COM Candida albicans UTILIZANDO A TÉCNICA DA MICRODIÁLISE
Anfotericina B. C. albicans. Farmacocinética. Microdiálise. Penetração tecidual.
A candidíase sistêmica é uma infecção fúngica oportunista comum, principalmente em pacientes hospitalizados e imunossuprimidos. A Candida albicans é o agente causador mais frequente e espécie mais isolada nestas infecções, e para seu tratamento é utilizado a anfotericina B (AmB). Para que ela tenha a ação esperada, é necessário que a mesma consiga acessar seu local de ação em concentrações suficientes, na forma livre, e que o tecido infectado não influencie na sua distribuição tecidual. Diante disso, os objetivos deste estudo foram avaliar a farmacocinética e penetração renal da AmB, por meio da microdiálise (MD), em ratos Wistar sadios e infectados por C. albicans. Para isso, foi validado um método analítico e bioanalítico para quantificação da AmB em microdialisado e plasma de ratos. O método foi validado utilizando a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a detector de arranjo de diodo (CLAE/DAD). A fase móvel constituiu-se de tampão acetato (pH= 4) e acetonitrila em gradiente, eluido em fluxo de 1,0 mL.min-1, e a detecção da AmB foi feita em 407 nm. A recuperação relativa da AmB pela sonda de MD foi avaliada in vitro, com escolha do fluxo de perfusão e análise da influência de concentração de AmB pelo método de diálise e retrodiálise, e in vivo, por retrodiálise. O estudo farmacocinético e de penetração renal foi realizado após administração de 1 mg/kg (n=10) e 2,5 mg/kg (n=12) de AmB em ratos sadios e infectados por C. albicans, e foi feita a coleta de amostras de sangue e microdialisado em tempos pré-determinados. Os métodos de quantificação se mostram seletivo e linear na faixa de trabalho, com precisão e exatidão adequadas. O fluxo de perfusão das sondas de MD escolhido foi de 1,5 μL/min, com uma recuperação relativa de 22,5 ± 8,5% e 20,0 ± 6,0% para diálise e retrodiálise, respectivamente. A recuperação relativa das diferentes concentrações não apresentou diferença significativa entre a diálise e retrodiálise. A recuperação renal in vivo foi 10,9 ± 3,7 %. Com a análise não-compartimental dos dados plasmáticos e renais e modelagem populacional dos dados plasmáticos obtidos, pode-se concluir que a infecção por C. albicans foi estatisticamente significativa para o parâmetro Vd, e que a penetração tecidual foi diferente entre os grupos (1,6 e 1,1, para ratos sadios e infectados, respectivamente), com menor distribuição tecidual da AmB no grupo de animais infectados.