Avaliação dos fatores de exposição ao SARS-CoV-2 na equipe dos laboratórios de extensão da Faculdade de Farmácia -UFBA e monitoramento da soroconversão para a COVID-19
SARS-CoV-2, COVID-19, PROFISSIONAIS DE SAÚDE, FATORES DE RISCO, SOROPREVALÊNCIA.
A pandemia da COVID-19 causada pelo SARS-CoV-2 trouxe impactos para toda a população, principalmente para os profissionais de saúde que estiveram mais expostos ao vírus. Assim, o conhecimento da prevalência de anticorpos anti-SARS-CoV-2 entre profissionais de saúde é importante para compreender a disseminação da COVID-19 no ambiente de trabalho. O objetivo deste trabalho foi determinar e monitorar a frequência da infecção pelo SARS-CoV-2 nos funcionários dos laboratórios de extensão da Faculdade de Farmácia da UFBA e os fatores de risco associados, através da pesquisa de RNA viral e de anticorpos séricos específicos, a partir do retorno das suas atividades presenciais durante a pandemia. Oitenta e cinco colaboradores dos laboratórios foram monitorados por 6 meses através da detecção de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 e RNA viral, antes de serem vacinados para COVID-19. A detecção de anticorpos foi realizada por testes sorológicos, como o ensaio imunoenzimático (ELISA) e a quimioluminescência, enquanto que a análise do RNA viral foi realizada através da reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa em tempo real (RT-qPCR). Além disso, foi aplicado um questionário para coleta de informações sociodemográficas e relacionadas aos fatores de risco de transmissão da COVID-19. A soroprevalência para anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 foi de 12,99% (IC95%, 7,21 - 22,28) no início do estudo e ao final foi de 24,10% (IC95%, 16,17 - 34,31). A persistência dos anticorpos anti-SARS-CoV-2 entre os participantes soropositivos foi de no mínimo 6 meses. O nível de escolaridade baixo e a renda familiar ≤ 3 salários mínimos apresentaram associação significativa com a presença de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2. Indivíduos que não completaram o ensino médio tiveram uma chance 10,76 vezes maior de serem soropositivos. A presença de sinais e sintomas relacionados à COVID-19 também foi significativamente associada com a soroconversão. Dentre estes, os mais frequentemente relatados foram febre, dor de garganta, dor de cabeça, dispneia e perda de olfato ou paladar. Os resultados permitem concluir que a população investigada apresentou prevalência de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 relativamente alta, sendo que não foi encontrada evidência de transmissão da COVID-19 no local de trabalho. A educação em biossegurança e as medidas não farmacológicas de prevenção foram eficientes na mitigação da transmissão da COVID-19 entre a equipe de profissionais e colaboradores dos laboratórios de extensão da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia.