COMPLEXIDADE, SUBJETIVIDADE E GESTÃO DAS RELAÇÕES COLABORATIVAS NA ECONOMIA SOLIDÁRIA
Palavras – Chaves: Economia Solidária, complexidade, subjetividades, gestão.
RESUMO
Na Economia Solidária os agentes econômicos se unem em organizações cooperativistas e associativistas para produzir, comercializar e distribuir bens e serviços. Nesse contexto, as relações colaborativas tornam-se fundamentais ao Movimento, haja vista que dessa união surgem as possibilidades de atuação conjunta, viabilizando um processo de estruturação e construção da sustentabilidade daquele coletivo. Por outro lado, o propósito desse encontro, quer seja o desejo de produzir e comercializar coletivamente ou compartilhar as ferramentas de produção para gerar renda, se revela em meio a múltiplos outros quereres que compõem o lugar de fala de cada indivíduo permeados pela subjetividade de cada um. Uma vez que a gestão acontece a partir do caminhar conjunto, é preciso focar não somente o que é uno, mas também o que é diverso, a fim de trabalhar a aceitação e o sentimento de pertencimento dos pares, como estratégia de fortalecimento diante dos desafios que possam fragilizar o equilíbrio do grupo. Diante disso, essa pesquisa teve como objetivo analisar aspectos da subjetividade individual e coletiva de agentes econômicos representantes da Economia Solidária, numa perspectiva de gestão das relações colaborativas. A metodologia utilizada foi o Estudo de Caso, trazendo como argumentação o projeto de assessoria desenvolvido pela Incubadora de Economia Solidária da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Para uma análise multidimensional observou-se o modus operandi da Incubadora, através do registro das ações desenvolvidas junto aos agentes econômicos, bem como a análise dos aspectos da subjetividade de agentes alvos dos projetos. A fim de delimitar sobre quais profissionais se realizaria a verificação, uma vez que a Incubadora atua com vários tipos de grupos populares, optou-se trabalhar com os profissionais do artesanato, haja vista terem sido público alvo de várias ações de incubação entre os anos de 2009 a 2013. Os dados de pesquisa foram analisados a partir de entrevistas narrativas e elaboração de redes semânticas. As observações e a investigação indicaram que a gestão das relações colaborativas aplicadas à Economia Solidária revela um particular direcionamento ao modelo de racionalidade instrumental e hegemônica, negando as subjetividades individuais que compõem o processo de motivação para a colaboração em grupo. Concluiu-se pela importância de reconhecer o individual e o coletivo para a formação de estratégias de gestão das relações colaborativas, de perceber o que une e o que diferencia um grupo a partir das suas individualidades, e que o diálogo entre o individual e o coletivo transita pela harmonização dos perfis em um movimento de aceitação do outro, jamais exclusão ou padronização. Enfim, a pesquisa comprovou o quanto de diferença existe naquilo que se quer unido, e que é no encontro dessas diferenças, somado ao que é igual, que acontece a transformação do indivíduo e seu grupo. O desafio da gestão das relações colaborativas está em promover esse encontro através do desenvolvimento de novos instrumentos e escolha assertiva das ferramentas, na perspectiva de entrelaçar a racionalidade e subjetividade para responder aos princípios e valores do Movimento de Economia Solidária, facilitando os processos de reconhecimento de si e do outro para o fazer coletivo.