PALHAÇOS MÚSICOS: A MÚSICA NEGRA NO PICADEIRO DO BRASIL
Palhaços músicos; Música negra; Circo itinerante; Picadeiro; Música popular brasileira.
Este trabalho visa tratar sobre os palhaços músicos no semiárido brasileiro, tendo como foco a música negra no picadeiro do Brasil. Como objetivo buscou-se saber de que forma se dá a presença da sonoridade musical da cultura negra no picadeiro e como ela contribui para o desenvolvimento e qualidade artística na cena de palhaços do semiárido brasileiro. Traçamos uma pesquisa bibliográfica à sombra de teóricos estudiosos sobre circo, palhaço e música racializada, para contextualizar os circos brasileiros, seus formatos e identificamos em qual contexto a música e os palhaços-músicos desenvolvem suas habilidades no picadeiro, enfatizando estas presenças por meio dos palhaços-músicos-negros, Benjamim de Oliveira, Eduardo das Neves e a palhaço Xamego. A fim de elucidar e negritar as questões do que objetivamos, após a diminuição dos casos do novo Coronavírus e autorização pelos órgãos competentes, partimos a campo para o estudo de caso, tendo o Transmundial Circo como foco, que posteriormente se dividiu em outros circos: Javem Circo, Circo Coimbra e Circo Estrela. No estudo de caso, abordamos os palhaços: Javem, Sonrisal e Palitinho, que por meio de entrevista semiestruturada nos revelou seus processos musicais, bem como as suas trajetórias desde o Transmundial Circo aos dias atuais. Por fim, por meio de uma abordagem qualitativa através de análise do discurso, fizemos o cruzamento das informações no que tange as questões étnico-raciais e as questões em torno de problemáticas acerca do riso, além firmar o pensamento sonoro negro presente no picadeiro. Neste tocante, a pesquisa torna-se uma forte aliada na luta antirracista através da comicidade, bem como aponta para o pensamento decolonial na musicalidade dos palhaço/as. Conclui-se que este trabalho consiste em uma pesquisa extremamente política, onde fundamentamos que a música negra no picadeiro do Brasil encontra-se enviesada pela apropriação cultural que maquia com “pancake branco” os processos artísticos/culturais do negro, operado pelo sistema estrutural e racista que conduz a indústria fonográfica, nos levando a perceber as sonoridades negras como sendo brancas, partidas de princípios colonialistas.