Memórias e Escritas de Mulheres (Im)Possíveis: Dançar, Escutar e Encorescrever o Corpo
dança-teatro; processo criativo; escrita de si; memória; artes cênicas
Esta investigação, de cunho teórico-prático, enquadra-se na perspectiva de uma etnografia que é também uma autoetnografia. Trata-se de uma tese-criação, junção entre um processo criativo e seus desdobramentos artísticos e o texto escrito. Tem por objeto o processo de criação cênica e de escrita, emergido durante a prática de um laboratório de criação em dança-teatro, referenciado no processo criativo bauschiano e no uso da memória como recurso para o trabalho corporal e para a escrita de si. O laboratório teve a participação de mulheres, entre 20 e 36 anos. O objetivo geral foi compreender como o processo criativo incidiu sobre a escrita de si das intérpretes-criadoras, por meio do trabalho de elaboração cênica de lembranças pessoais. O laboratório criativo propiciou um espaço privilegiado de escuta de si e das demais. O operador metodológico nesta tese foi o processo criativo da dança-teatro tal como inaugurado por Pina Bausch, no qual as memórias e as escritas corporais e discursivas têm protagonismo. Neste caso, e diferentemente dos processos com Pina, somente mulheres integraram o laboratório e a encenação final. Duas categorias na confluência acadêmico-poética emergiram em consequência desta pesquisa: encorescrita e tríade cíclica palavra-corpo-escrita. Dentre os resultados, encontram-se descrição e análise do processo criativo e o experimento cênico, onde situam-se a caracterização de uma escrita singular emergente no processo, e uma espiral de criação, bem como uma discussão acerca de modos de subjetivação femininos e escritas do feminino na produção em artes, ativados e reconhecidos no processo de investigação cênica.