DO TEATRO AO CINEMA: UMA CARTOGRAFIA AFETIVA DO PROCESSO CRIATIVO DO FILME INFERNINHO
PALAVRAS-CHAVE: Cinema brasileiro; Teatro de grupo; Cartografia; Processo criativo; Grupo de Teatro Bagaceira
Esta pesquisa é um mapeamento dos afetos, intensidades, relações e modos de vida que permearam o percurso criativo do longa-metragem cearense Inferninho (2018), de Guto Parente e Pedro Diógenes. No filme - que foi criado a partir de uma aproximação entre artistas de teatro e cinema, uma parceria entre Grupo Bagaceira de Teatro, Marrevolto Filmes e Tardo Filmes - o artista-pesquisador assume as funções de corroteirista e ator (atuando no personagem Coelho). A descrição do processo é feita em primeira pessoa, resultando em uma escrita encarnada, de traços performativos. O aporte teórico privilegia duas esferas: a primeira é composta por artistas de diversas linguagens, acadêmicos ou não, que refletem sobre práticas de criação; a segunda é constituída por pensadores que, direta ou indiretamente, deram sequência ao legado do filósofo holandês Baruch de Espinosa levando em consideração a unidade corpo/mente e a questão dos afetos em campos como epistemologia, crítica social, filosofia, clínica, linguística, dentre outros. Conclui-se que, nesse percurso criativo permeado por mortes e rupturas em diversos níveis, os gestos de criação do artista-pesquisador são frutos de uma força vital, um esforço de sobrevivência, de não sucumbir aos afetos tristes de nossa época. Essa força ficou encarnada no discurso e na poética da obra, fazendo de Inferninho uma experiência ética, estética e política de afirmação da vida.