EU TENHO QUE ESTAR ONDE EU QUERO ESTAR: REFLEXÕES DE GÊNERO EM TRÊS ESPETÁCULOS DA CENA TEATRAL CONTEMPORÂNEA NA BAHIA
Teatro baiano, gênero, mulheres no teatro, Teste de Bechdel-Wallace.
O presente trabalho teve como ponto de partida a reflexão em torno de quem são as mulheres do/no teatro, através dos imbricamentos presentes entre as artes cênicas e as questões de gênero. Nesse processo, são analisados o Infográfico da Desigualdade de Gênero no Cinema em 2018, do New York Film Academy, e o Boletim de Raça e gênero no cinema brasileiro 1970-2016, do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa da UERJ. Partindo do desejo de compreender, a partir da perspectiva do gênero como categoria de análise, como se configuram as representações de mulheres em espetáculos teatrais contemporâneos, foi experimentado, como instrumento de análise o Testes Bechdel-Wallace, cujas questões foram ampliadas e retrabalhadas no exercício-teste Faria-Vega, aplicados em textos dramatúrgicos e em três espetáculos selecionados. A investigação acerca da discussão de gênero parte dos debates propostos por Joan Scott, Guacira Lopes Louro, Kimberlé Crenshaw e Grada Kilomba, enquanto a base metodológica das epistemologias teatrais consiste nas produções de Lúcia Romano, Camila Grillo, Roberta Matsumoto e Jean-Piérre Sarrazac. À luz desses referenciais, são analisados os textos dramatúrgicos Casa de Bonecas, As Velhas, Noivas e A Mulher Como Campo de Batalha, assim como os espetáculos teatrais baianos A Primeira Vista, Ânsia e Refazendo Salomé. As conclusões desse trabalho expõem a inserção das questões de gênero na história das artes cênicas e apresentam ferramentas presentes nas epistemologias teatrais como potentes dispositivos de desconstrução de dicotomias presentes nos paradigmas de gênero.