UM AXEXÊ PARA A TROPICÁLIA:
Con-fabulações, memórias e criação no documentário
Palavras-chave: Documentário. Roteiro cinematográfico. Tropicália. Memória. Axexê.
RESUMO
De que forma um roteiro de documentário pode plasmar afetividade, memória, espetacularidade e performance de um evento artístico e histórico, tal como o show Barra 69, último realizado pelos artistas, à época (e eternos) tropicalistas, Gilberto Gil e Caetano Veloso, em 20 e 21 de julho de 1969, antes de partirem para o exílio, forçados pelo aparelho repressor da ditadura no Brasil, que vigorou de 1964 a 1985? A pergunta norteia o que esta dissertação pretende levar a termo, propondo uma pesquisa-criação que resulta na escrita do primeiro tratamento de um roteiro para a peça cinematográfica documental Um Axexê para a Tropicália. Desta forma este estudo visa auscultar pontos de convergência entre as narrativas dramáticas/dramatúrgicas e audiovisuais, para construir uma partitura performática/teatral, em forma de um roteiro para documentário performático, que lide com afetividade e alegoria, tensionando fronteiras entre performance e realidade; memória e fabulação; documentário e ficção; ficção e realidade; performance e encenação; documentário e encenação; documentário e realidade; e a realidade e encenação.
Esta dissertação buscou, a partir tanto dos materiais de pesquisa histórica quanto dos pedaços de uma concretude fabulada, perscrutar a memória e seu papel de emuladora da realidade – e ânima da tríade espaço-tempo-movimento –, lastreando-se na fundamentação teórica de Henri Bergson, lido por David Lapoujade. Neste contexto, tratou-se de retirar conclusões sobre a influencia da memória fabuladora na criação de um universo dramático e documental. Para os entendimentos centrais deste estudo, consideraremos um panorama reflexivo constituído pelas visões teóricas dos seguintes autores: Bill Nichols, Cláudio Bezerra, Sérgio Puccini, Martin Eslin, Friedrich Nietzsche, Eduardo Leone e Jacques Aumont.