CORPO EM DESASSOSSEGO: POR UM ESTADO DE POESIA E SENSIBILIZAÇÃO DOS SENTIDOS NO OFÍCIO DE ATRIZ
Corpo; sensibilização; criação cênica; poesia; natureza
Corpo em desassossego trata-se de uma pesquisa em poéticas cênicas numa via prático-teórica, que busca e expõe o desassossego de um corpo de atriz que se coloca em imersões pela ampliação dos sentidos em contato com a natureza e seus elementos para gerar uma encenação solo, cuja dramaturgia em processo também integra esta dissertação. Inspira-se na abordagem artístico-compreensiva proposta pela professora Sonia Rangel, considerando como um dos princípios dominantes o pensar por imagens. Toma-se como guia de trajeto a pergunta-passaporte: é possível, através do autoconhecimento, da ampliação dos sentidos, da descoberta de estados criativos genuínos, alcançar um nível mais sutil e afetuoso de presença cênica? Considera-se a experiência da atriz em várias imersões, os registros nos seus diários de bordo, com sua poesia de imagens, sons e palavras. Estes registros, de imersões realizadas no Vale do Capão-Chapada Diamantina e em Salvador se mesclam como fonte de inspiração ao pensamento do poeta Fernando Pessoa, principalmente ao conectar ideias, tanto no texto dramático como no texto cênico, a escritos do Livro do Desassossego, de seu homônimo Bernardo Soares, e poemas dos também homônimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, fragmentos que inspiram o corpo da atriz-pesquisadora em seu desassossego. Acrescentam-se no diálogo crítico-reflexivo autores como, Ailton Krenak, Davi kopenawa, Eugenio Barba, David Le Breton, Gaston Bachelard, Sonia Rangel, entre outros. Ao levantar questões nestas situações de imersões específicas, a pesquisadora experimenta e discute poeticamente o movimento genuíno, a memória física num corpo que se põe em ‘estado de poesia’ e em autoconhecimento para melhor estar, sentir e perceber o mundo como experiência, quando e onde cena e vida se entrelaçam.