VOZES DO PORVIR - NARRATIVAS SUBTERRÂNEAS E DRAMATURGIAS LATENTES: PROCESSOS DE CRIAÇÃO E DINÂMICAS RACIAIS COM MULHERES EM COMUNIDADES DO BRASIL E CABO VERDE
Narrativas biográficas. Dramaturgia Teatral. Mulherismo Afrikana. Afrocentricidade.
O registro das memórias de um povo, narrados de forma escrita ou oral pelas mulheres que, ao contar suas histórias vividas, revelam dinâmicas raciais e se constituem como mote para processos criativos em dramaturgias e encenações. Centrado nas experiências, na linguagem, na estética, nos discursos e elementos culturais de mulheres em quatro comunidades, sendo duas de ascendência africana, Parque Florestal, no município de Camaçari e Quilombo do Dandá, em Simões Filho, ambas na Região Metropolitana de Salvador; e duas africanas, Achada Grande Frente e Rabelados Espinho Branco, localizadas na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, a investigação conclama estes conhecimentos como proposição epistêmica em interação com os conhecimentos academicamente sistematizados. Neste sentido, referencia-se ideologicamente no Pan-africanismo e tem, como base epistemológica, a Afrocentricidade, num diálogo com o Mulherismo Afrikana para uma compreensão racialmente centralizada das dinâmicas destas mulheres, ao mesmo tempo em que se engaja em perspectivas filosóficas, antropológicas, históricas, literárias, espirituais e de pensadores do teatro negro. O percurso se reverbera de modo prático através de entrevistas orais, como também com oficinas de escrita narrativa que, no seu itinerário metodológico, experimenta o Corpo Oráculo, uma série de exercícios guiados pela cosmovisão africana, como caminho de acesso às memórias e produção ritualizada de escritas autobiográficas. Neste processo, as narrativas das mulheres incitam a criação de obras literárias, visuais e cênicas, sugerindo, no seu decurso, a proposição da Dramaturgia da Renascença Preta que, motivada pelo Renascimento Africano, busca por contribuir com as tantas possibilidades de se pensar o teatro negro.