"Teatros do real: Um caminho para a produção de presença, sentido e experiência naquele que vê"
teatros do real, ressonância afetiva, aquele que vê, enação, fenomenologia da percepção, estética do choque, vida precária, consciência
Esta tese, inscrita como desejo de pesquisa, propõe olhar para os teatros do real (Saison, 1998) como caminhos possíveis na construção de uma ressonância afetiva (Pais, 2018) entre ator e espectador. Considerando o objeto da pesquisa como um campo interdisciplinar, sua apresentação foi dividida em quatro artigos convocando em cada um deles noções independentes, mas complementares, que vão desde o teatro performativo às neurociências. São elas: aquele que vê, a presença, a experiência e o sentido. O primeiro artigo pauta-se, antes, na necessidade em questionar o termo espectador em favor da atividade daquele que vê, reconsiderando seu papel fundamental no acontecimento teatral. Os artigos segundo e terceiro abordam, respectivamente, as obras do grupo Ateliê 23: Persona, como possibilidade de produção de presença (Gumbrecht, 2010) através da teoria enativa/enação (Varela, 1992) como eixo de análise e Helena, na construção de experiência, tomando como base a leitura da fenomenologia da percepção (Merleau-Ponty, 2011). O quarto e último convoca a produção de sentido como atividade dos neurônios-espelho – fundamentais à ideia da empatia como reconhecimento de si no outro (Muse, 2012; Gallese e Freedberg, 2007). A investigação pauta-se na revisitação do trajeto criativo das obras, ao observar documentos de processo, tendências e depoimentos espontâneos de pessoas na plateia, sob a ótica da crítica de processos criativos (Salles, 1998). Considera, ainda, a pesquisa guiada pela prática (Haseman, 2015) como método de revisitação e utiliza a revisão bibliográfica de conceitos que elaboram novas relações com aquele que vê, como a condição precária da vida (Butler, 2011; 2015) e a estética de choque (Féral, 2012), em busca de uma afetação coletiva. Conclui que o uso do documento vivo em cena, a fim de construir um novo elo com aquele que vê, reverbera na percepção da consciência (Damasio, 2000), como ato político de existência e sobrevivência.