SERTÃO DE PEDRA E FOGO:
A poética seca na construção da dramaturgia de João Denys
Palavras-chave: dramaturgia, imaginário, sertão, poética, intertextualidade.
O presente trabalho tem por objetivo a análise de dois textos dramáticos do potiguar João Denys Araújo Leite pertencentes à “Trilogia do Seridó”, A Pedra do Navio (1979) e Deus Danado (1993). Observa-se como, mesmo referenciando-se em obras ligadas à “estética da seca”, amplamente desenvolvida a partir do Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre, em 1926, os referidos textos dramáticos não obedecem estritamente aos projetos estético-políticos contidos em obras antecessoras que versam sobre o mesmo tema. Imbuído de uma memória e de um imaginário sertanejo João Denys cria os seus “dramas secos” repletos de significações e imagens ligadas ao seu lugar de origem. Analisa-se como o dramaturgo constrói sua obra dramatúrgica por meio de procedimentos de intertextualidade e defende-se a tese de que o mesmo cria uma “poética seca” com suas peças, uma poética particular que deseja ultrapassar a significação restrita de uma região do território brasileiro e de seu homem. Interpreta-se ainda as imagens suscitada dos “dramas secos” ligadas aos elementos pedra e fogo com sustentação nos escritos do filósofo francês Gaston Bachelard, como possibilidades de desvelamento do imaginário do dramaturgo.