Vozes do Cruzêro: Trajeto Poético por uma Cena Cabocla
Artes Cênicas; Contemporaneidade; Processos Criativos; Ator-encenador, Epistemologia Cabocla.
A presente pesquisa tem como objeto principal o espetáculo solo Vozes do Cruzêro e seu processo criativo, desenvolvido e encenado em diálogo articulado entre práticas cênicas ligadas ao teatro e duas expressões artísticas contemporâneas oriundas da Zona da Mata Norte de Pernambuco: 1) o Cavalo Marinho e 2) o Maracatu de Baque Solto. Dentre os princípios operadores identificados ao longo do percurso criativo, destaca-se a imagem arquetipal da Encruzilhada, da qual emerge a figura do Caboclo, eleita como força motriz do processo. A imagem do Caboclo é aqui estudada e abordada por meio da manifestação recorrente de sua presença em diferentes práticas religiosas e artísticas da Mata Norte: o Cavalo Marinho, o Caboclinho, o Maracatu de Baque Solto, a Umbanda e a Jurema Sagrada. O objetivo maior deste estudo foi transformar este material poético, em diálogo associativo às práticas cênicas do teatro na contemporaneidade, e também trazê-lo para uma encenação-solo, na qual o autor da tese atua como ator-encenador, traduzindo o trajeto de uma cena cabocla que é expressão do que no percurso foi denominado como epistemologia cabocla. A pesquisa assume caráter artístico compreensivo e transdisciplinar, inspirado na abordagem para processos criativos cênicos proposta pela professora Sonia Rangel, apoiando-se no entrecruzamento de pensamentos de diferentes vertentes, sobretudo do campo do Imaginário, na perspectiva do pensar por imagens de Bachelard e Durand. No campo da criação cênica adotam-se procedimentos poéticos inspirados na experiência do autor junto às propostas desenvolvidas pelo grupo Lume Teatro, em diálogo com técnicas e práticas aprendidas junto aos sambadores de Maracatu e Cavalo Marinho. Na linha de Poéticas e Processos de Encenação do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC-ETUFBA), o espetáculo integra a tese não apenas como ilustração de um pensamento poético, mas como resultado material e imaterial, cuja criação cênica e escrita dramatúrgica compartilham da mesma autoria e dos mesmos princípios operativos.